A semana vista ao longe!
Depois de um dia intenso faltaram-me as palavras. Mas nada melhor que recordar e realçar acontecimentos que para mim foram marcantes na semana passada.
Há uma notícia que, pela violência moral, marcou o país, ou pelo menos marcou-me a mim a esta distância: A morte por apedrejamento de um sem abrigo no Porto. A situação ganhou naturalmente outros contornos devido à orientação sexual da vítima e, é claro, à idade dos criminosos.
É uma pena que sejam necessários tais actos de violência para que muito seja posto em causa. Em primeiro lugar o facto de a lei portuguesa não considerar crime de ódio (e respectiva agravante penal) crimes relacionados com orientação sexual. Não estou a dizer que este tenha sido o caso, mas foi preciso um "famoso" homossexual da noite do Porto ter sido morto à pedrada para que este vazio penal seja posto às claras!
Por outro lado veio levantar mais uma vez a questão sobre estas instituições de acolhimento para jovens provenientes de familias carenciadas (e desequilibradas, digo eu), questão essa já levantada com o famoso Processo Casa Pia. Concordo em pleno com a existência destas instituições, mas parece-me que é cada vez mais evidente que não estão a cumprir o papel para o qual foram criadas. Naturalmente que fornecem uma "ferramenta" útil a esses jovens que na sua maioria foram privados de uma educação decente e, mais importante ainda, privados de uma oportunidade. Mas dar educação não pode ser apenas o despejar de conhecimento ou a aprendizagem de uma ferramenta válida para o futuro. Há que transmitir valores, valores que se ajustem às necessidades dos alunos, e não valores que reflictam a orientação religiosa dos responsáveis. Se em relação a uma escola "normal" diria que os professores não podem ser responsáveis pela transmissão de valores, mas são um pilar importante à sua preservação e estímulo, não posso deixar concordar com essa afirmação em instituições como aquela que alberga os suspeitos do crime. Mais importante que ensinar a rezar o terço deve ser ensinar o respeito pelos outros; mais importante que ir à missa deveria ser a prática de valores como a solidariedade.
Mas isto agora ia dar pano para mangas e o mais importante é realçar que mais uma vez o nosso sistema de ensino, neste caso muito particular, voltou a falhar. E vai ficar tudo na mesma?
A outra questão da semana para mim prende-se com o "nim" do governo em relação às centrais nucleares no país. Dizer apenas que não faz parte dos planos do governo para esta legislatura é o mesmo que eu pegar na minha vida, dividi-la em legislaturas de 4 anos e dizer que comprar uma casa não faz parte dos meus planos para esta legislatura (que termina em meia dúzia de meses). Com esta atitude fica para mim descurado um ponto importante - a discussão do assunto. Se uns podem acenar com os acidentes em centrais nucleares, outros podem fazer campanha aos combustiveis mais baixos. Neste momento confesso que não tenho posição formada devido à falta de informação. Mas queria apenas deixar bem marcado o ponto de que a discussão leva a mais conhecimento, e em Portugal refila-me muito, discute-se pouco e sabe-se quase nada!
E assim me despeço, e peço desculpa pelo atraso na publicação, mas o servidor estava de ferias no Rio de Janeiro com alguma brasileira jeitosa.
Já agora Bom Carnaval!
Virgilio Cadete