sábado, fevereiro 18, 2006

Fado II

Confesso que estava para escrever um post sobre os CLAPOURHANDSSAYYEAH!, mas ao ler o post de ontem, apeteceu-me ir buscar uns CD's de Fado. Trouxe um best-off da diva ( Amália), uns de Coimbra e quatros novas esperanças ( Mafalda Arnaut, Kátia Guerreiro, Mariza e Maria Ana Bobone).

Ouvi fados tristes e alegres, tal e qual os vários momentos das nossas vidas. Ouvi-os fados de amor, os fados "políticos", os fados "religiosos", os fados "poetas" com letras de Pessoa, Torga, Ary dos Santos entre outros. Ao ouvir fado, ouvi a história e a vida do nosso país. Não ouvi o rancho de Arganil (com o devido respeito) ou os cantares de uma freguesia. Ouvi Fado!

Acredito que a marca Portugal inclui Fado. Durante uns anos tentou-se "esconder" o género musical e tentar vendê-lo como um símbolo do Estado Novo. Não se conseguiu. A nova geração de fadistas está ai, vende discos e ganha prémios. Talvez a música até seja boa. Talvez até simbolize a nossa maneira de estar na vida e no mundo. Terá que ser o fado "sombrio" e fatalista? Porque não luminoso como a nossa luz atlântica e emotivo como a nossa maneira de ser, assumidamente latina?

Recentemente, ouvi um conhecido maestro português falar entusiamado de um projecto que explorava as semelhanças na origem da música napolitana e do Fado de Coimbra. Em Nápoles, essa terra que Stendhal acreditava ser a cidade mais bela do Mundo, preserva-se a música como eixo fundamental da cultura. Só assim se preserva uma identidade com futuro!

E nós por cá? Continuamos a ter vergonha das nossas raízes?

Podemos até nem gostar de Fado, mas não assumi-lo como 1 estandarte português no Mundo, parece-me um erro estratégico enquanto Nação.

Eu sinto-o português, ao Fado.

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