quarta-feira, janeiro 31, 2007

Gato fedorento - Medo de dizer qual a sua posição!

Um excelente "scatch" em que no gato fedorento se brinca com a posição confusa que Marcelo Rebelo de Sousa tomou a respeito do referendo à interrupção voluntária da gravidez, no seu programa semanal de Domingo, na rtp.

Ecologia: uma ideia luminosa!



Muitos do pessoal que critica as minhas ideias ecologistas apontam principalmente para o facto de que as mudancas teriam de ser radicais e que, a custo disso, necessariamente impráticas.

Ontem foi anunciado que no estado de Califórnia nos EUA há um político, Loyd Levine, que sugeriu a proibicão da venda e uso das lâmpadas de tungstênio clássicas. Este tipo de lâmpadas foi inventado à 125 anos atrás e apenas 5 % da energia que consome é transformada em luz, sendo o resto perdido sob a forma de calor. Segundo Levine, existem agora alternativas relativamente baratas ao uso deste tipo de iluminacão. Uma lâmpada de halogénio compacta moderna utiliza apenas 25 % da energia utilizada por uma lâmpada clássica para produzir a mesma intensidade de luz. Com a proibicão, forca-se o consumidor ao uso das alternativas mais eficientes. A intencão expressa por Levine é o de atingir a meta de 20 % de reducão de libertacão de CO2 no estado da Califórnia até ao ano 2020, como foi proposto no senado estatal.

Já imagino os críticos afirmarem que isto não é nada, que provavelmente corresponde a uma reducão de apenas 1 ou 2 % no consumo energético, que se devia cortar na indústria, que é anti-democrático, etc, etc, etc. Quanto ao argumento de que é anti-democrático, talvez o exemplo da legislacão que obriga o uso do cinto de seguranca na estrada e ao uso de capacete nos motociclos esteja ao mesmo nível, ou pior, de "anti-democracia" como esta medida, quando se toma em consideracão o bem comum. Não vejo de que forma esta medida pode diminuir a qualidade de vida, muito pelo contrário. Quanto aos efeitos mínimos (os tais 1 ou 2%), ao menos é um princípio, e grão a grão enche a galinha o papo, já dizia o ditado popular...

Fonte: Vergens Gang (VG) (Noruega)

terça-feira, janeiro 30, 2007

Estado laico

O laicismo do estado é, para mim, uma pedra pilar de qualquer constituicão. É, a meu ver, a única forma de evitar a exclusão de certas minorias, como as outras religiões minoritárias ou os agnósticos e ateístas. Um estado secular é uma garantia de que é dado peso igual de direitos e deveres a todas as formas religiosas no país, preservando assim a liberdade religiosa. Ter o estado e a igreja unidos é medieval: é quase dizer que a nacão está "abencoada" por Deus e que a governacão é inspirada por este. Em Portugal temos um bom exemplo desses tempos, durante o salazarismo. Tenho uma amiga refugiada bósnia que não separa religião de nacionalidade: aos olhos dela, por ser português sou automáticamente católico. O caso dela é muito bom para demonstrar o que é que acontece quando a identidade religiosa e a identidade nacional estão intimamente associadas uma com a outra.

A religião, a meu ver, deve ser uma opcão individual, preferencialmente a ser tomada como resultado de uma certa dose de reflexão pessoal. Ser membro de uma religião "by default" à nascenca é quase um atentado à liberdade individual de escolha e de formacão da sua própria identidade. Ir para a escola e ser-se ensinado o ponto de vista, o cerimonial e a filosofia inerente a uma (única, preferenciada) religião é limitar a capacidade de compreensão de variados pontos de vista a uma crianca. No caso dos países nórdicos, ensinava-se (até aqui à poucos anos atrás) a rezar e os básicos da teologia cristã às criancas em idade de escola primária. O problema agudizou-se com o crescimento das minorias com outros pontos de vista religioso e com a crescente indiferenca/ateizacão religiosa da sociedade escandinava. Se se tiver aulas de educacão religiosa em que é dado um peso igual a todo o leque de religiões enquadradas pelo programa, dá-se a oportunidade de escolha individual ao indivíduo e o desenvolvimento da capacidade de decisão e de compreensão de diferentes perspectivas.

Se o estado tem uma religião oficial e a constituicão baseia-se nessa religião, então dá-se azo a confusões: pegando num caso actual, se o estado português fosse directamente ligado à religião católica, então nem se punha em questão a votacão acerca da liberalizacão do aborto - era proibido e assunto encerrado! (sim, segundo a interpretacão católica, sendo o momento da concepcão - fertilizacão - o momento em que a alma entra no ovo, então qualquer forma de destruicão deste é equivalente a homicídio, e isto é pecado mortal segundo a Bíblia).

O caso da Noruega é um exemplo infeliz disto. Para espanto de muitos, o estado e a igreja luterana norueguesa não estão separados (caso raro mas não isolado no mundo ocidental). O mais ridiculo é o facto de que a Noruega tem a taxa de agnosticismo/ateísmo mais elevada do mundo - apenas cerca de 33 % da populacão acredita realmente na existência de Deus. No entanto, a taxa de membros oficiais da igreja luterana é de 85 %. Uma das razões principais é o facto de que todo o cidadão nascido no país é automaticamente membro oficial da Igreja Luterana. Uma pessoa tem de voluntariamente preencher um formulário para deixar de ser membro da igreja. Isto faz com que muitas criancas descendentes de muculmanos sejam oficialmente cristãos sem o sequer saberem (e pagarem impostos para a igreja). Na Noruega existe uma clausula na constituicão na qual diz que pelo menos 51% dos membros do governo tem de ser membros oficiais da igreja luterana - facto este que já causou dores de cabeca aquando da formacão de governos com maiorias socialistas nalguns casos. Ainda mais interessante o facto de que o estado nomeia os bispos e intervèm nas decisões internas da igreja. Talvez mais escalabroso do que Deus (existindo este) intervir na governacão dos homens, é o dos homens votarem nos assuntos de Deus!!! Um caso actual aqui na Noruega é a nomeacão de padres homossexuais: existem bispos que são abertamente contra, enquanto a generalidade da populacão é a favor. Independentemente de quem é que tem razão do ponto de vista teológico, penso de que cabe aos especialistas (neste caso, os membros da igreja) decidir acerca destes assuntos. Ainda mais ridiculo quando se pensa que neste momento 77 % de ateistas e agnósticos decidem pela vontade de Deus... é quase cómico pensar nisto! Imagine-se um ministro muculmano a decidir pelas cerimónias da igreja cristã luterana, por exemplo!

Citando o JC em pessoa (e isto está no Novo Testamento): "Dêem a Deus o que é de Deus e a César o que é de César". Até ele era laico! ;-)

domingo, janeiro 28, 2007

Ministro muculmano no governo israelita



O Partido Trabalhista israelita deu um passo histórico hoje ao nomear um ministro muculmano para fazer parte do governo. O ministro Raleb Majadele tornou-se ministro da Ciência, Cultura e desporto, substituindo o ex-ministro Ophine Pines-Paz, que abandonou o seu posto em outubro como forma de protesto contra a integracão do partido nacionalista Yisrael B'teinu na coaligacão governamental. O novo ministro foi nomeado pelo líder do Partido Trabalhista, Amir Peretz, que tem o posto de ministro da defesa, um dos cargos de maior responsabilidade no governo de Israel. A nomeacão recebeu apenas um voto contra, por parte do lider do partido Yisrael B'teinu, Avigdor Lieberman. Este classificou esta nomeacão como uma tentativa de ganhar votos por parte do Partido Trabalhista nas próximas eleicões, e aponta esta medida como um passo atrás para a causa do Sionismo.

Este é um passo histórico no panorama político israelita, por ser a primeira vez que um representante muculmano é nomeado para fazer parte do governo. A populacão muculmana constitui 20% da populacão de Israel e existem apenas 13 deputados (num total de 120) muculmanos no Knesset, o parlamento israelita. A populacão muculmana é frequentemente apontada como a fraccão mais desfavorecida, com os salários mais baixos, o nível de educacão mais baixo e pior qualidade de vida do que a maioria judaica.

Alguns vêm nesta medida um atentativa do reforco de um possível processo de paz na região.

Esta notícia veio numa altura conturbada na história política de Israel, muito devido às acusacões recentes de violacão apontadas contra o actual presidente israelita, Moshe Katsav.

Fontes: Reuters e Dagbladet.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Humanização do nosso melhor amigo!


Depois das manicures, cabeleireiros, lojas de roupa e outros que mais, faltava algo que permitisse ao melhor amigo do homem, acompanhá-lo no convívio social pós-laboral, ou, no caso do"inventor" desta bebida, no convivío pós caçada com os amigos.

"Kwispelbier", é a marca criada por Gerrie Berendsen, um Holandês adepto da caça, a quem incomodava o facto de após as caçadas, os caçadores se juntarem numa varanda a bebericar as suas cervejolas enquanto os cachorros ficavam sentados no seu canto, à espera que os donos terminassem os relatos das suas aventuras na pradaria...

Não satisfeito com isto, resolveu criar uma marca de cerveja sem álcool, especial para cães, com um rótulo bastante sugestivo, mas que também é apropriada para consumo humano, o que poderá significar que depois de uma dessas caçadas, o responsável pelo volante irá fazer companhia aos cães!

Mas pronto, pelas imagens que vi hoje, os cachorros parecem gostar do líquido amarelo acastanhado que lhes despejam no prato. Temo é que, se a moda pega, os já por si, pequenos pubs Holandeses, se tornem ainda mais pequenos!

Mas o que virá a seguir da Holanda? Um charro para cães sem cannabis... Para que o melhor amigo do homem os acompanhe no acto de rodar e esfumaçar...

Cumprimentos

RC

terça-feira, janeiro 23, 2007

Clinton vs. Obama


Dentro de 2 anos realiza-se de novo a eleicão para a presidência dos Estados Unidos da América. Dada a baixa popularidade de George W. Bush e do partido republicano ultimamente, muita da atencão política americana e internacional vira-se agora para o candidato do partido democrata. E se as tendências de voto dentro dos democratas se mantêm iguais aquelas que se vê hoje, então, vê-se pela primeira vez na história dos EUA, a oportunidade de se ter um candidato democrata com fortes chances de ganhar que ou é uma mulher ou é "de cor". Falo concretamente de Hillary Clinton e Barack Obama.

Hillary Clinton é já sobejamente conhecida pelo seu papel como primeira dama do ex-presidente democrata Bill Clinton. Ela tem actualmente 59 anos e é senadora pelo estado de New York. Os seus méritos políticos e pessoais são bem conhecidos: mesmo os seus oponentes reconhecem que Hillary é uma mulher forte, inteligente e com reconhecida capacidade de lideranca. Aparte disso, Hillary já conhece a rotina e os mecanismos da Casa Branca, tem vasta aceitacão tanto do povo como da maquinaria partidária e tem facilidade em angariar fundos para a sua campanha. No seu vídeo de lancamento da campanha, Hillary promete reformas ousadas mas práticas, foco na resolucão do conflito iraquiano, um alargamento do sistema de seguros de saúde norte-americano e transformar os EUA num país menos dependente do petróleo e fortalecer o sistema de seguranca social nacional. Caso venca, torna-se a primeira mulher presidente dos EUA e também a primeira pessoa casada com um ex-presidente.

Talvez ainda mais radical é a candidatura de Barack H. Obama. Barack é considerado a "estrela de rock" política do momento no cenário norte-americano. Barack goza de extrema popularidade nacional e muitos vêm-no como uma verdadeira lufada de ar fresco e como um idealista convicto e revolucionário. O seu trajecto biográfico é bastante pouco habitual para um candidato à presidência: Barack (45 anos) é filho de uma americana e de um estudante queniano que se conheceram no Hawai, onde Barack nasceu. Quando Barack tinha 2 anos de idade, os pais divorciaram-se e a mãe casou-se novamente com um estudante indonésio. Obama mudou-se para Jakarta com 6 anos de idade, onde viveu até perfazer 10 anos. Depois deste período, mudou-se para a casa dos avós no Hawai, onde estudou até acabar o liceu. Durante a adolescência, experimenta marijuana e cocaína, facto que reconhece publicamente. Depois deste período, Obama enceta uma carreira estudantil e política fantástica, até se tornar senador do estado de Illinois (com 70% dos votos). Obama viaja frequentemente para o estrangeiro, e numa das suas deslocacões oficiais tornou-se célebre a sua campanha para o rastreamento da SIDA enquanto este se encontrava no Quénia, por ocasião de uma visita à aldeia do seu pai. Barack escreveu recentemente um livro, "The audacity of hope", lancado em outubro de 2006 nos EUA, que tem sido um best-seller no mercado americano. Neste livro, Obama explica as suas conviccões políticas pessoais, a sua fé num sistema análogo ao New Deal de Franklin D. Roosevelt onde todos tem direito à luta por uma vida melhor, e na qual a intervencão do estado é importante. Barack é contra a intervencão americana no Iraque, e já o era antes do início da campanha americana em 2003. Barack é um internacionalista e acredita na cooperacão internacional. Numa entrevista recente ao The New Yorker, Barack afirmou "I want China and India to succeed". Barack é também um dos políticos mais entusiasmados com a utilizacão da Internet e na criacão de legislacão orientada a proteger a neutralidade deste meio. Barack Obama tem no entanto problemas em ganhar votos no lado mais conservador do eleitorado, primeiro por ser filho de um estrangeiro, segundo pelo seu nome do meio, Hussein, que não ajuda nas suas campanhas. Também é conhecido que Obama teve de deixar de fumar, e um dos seus oponentes de cor reiterou um dia que "Obama não é preto o suficiente", referindo-se à sua educacão previligiada e ao facto de ter uma mãe branca. Obama goza no entanto uma base popular extrema - muitos dos liberais norte-americanos vêm um revolucionário prático e empreendedor na figura de Obama, e muitos expressam a sua fé (sim, este é o termo correcto!) na reforma da burocracia política na Casa Branca com a eleicão de Obama.

Neste momento, e de acordo com uma sondagem recente do Washington Post, Hillary lidera a campanha pela candidatura democrata com 41%, enquanto Barack tem 17% do eleitorado democrata do seu lado. Seguem-se os senadores John Edwards com 11%, Al Gore com 10% e John Kerry com 8%, todos eles figuras já conhecidas nas campanhas presidenciais.

Qualquer um dos dois candidatos parecem-me prometedores, quer na cena política internacional (teremos um EUA mais cooperante e pacifista dentro de 2 anos?), quer no cenário político interno americano (um reforco da seguranca social norte-americana).

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Controvérsia

Ora hoje volto à escrita. E hoje, talvez porque é quinta-feira (véspera de sexta) ou apenas porque me apetece ser controverso, apeteceu-me escrever sobre o tema quente em Portugal (ok, tenho de concordar que Portugal ferve neste momento, mas estou a referir-me ao referendo sobre o aborto).
Ora portanto como já viram pela temática, isto promete... Mas vou tentar não insultar ninguém e espero que ninguém me insulte. Vou partilhar a minha opinião, os meus sentimentos, e como uma pessoa livre e de livre pensamento não admito que ninguém me diga o que posso ou não pensar!
Pois para os que já me conhecem sou claramente favorável à despenalização da interrupção voluntária da gravidez! Porquê? Primeiro porque sim. Segundo porque defendo e sempre defendi a liberdade de escolha. Terceiro porque acho uma tremenda hipocrisia dizer que não e fechar os olhos à quantidade de orfãos no nosso país, na sua maioria fruto de "gravidezes" indesejadas e dizer que não no sermão e esquecer as palavras à saída .
Ora neste momento tenho pessoas a acusarem-me de mil e um crimes e a perguntarem-me se seria capaz de matar o meu filho(a) antes do nascimento! Mas eu nunca disse que queria o aborto como opção para as minhas aventuras de uma noite. Por isso é que inventaram preservativos, pílulas, pílulas do dia seguinte e estradas para Espanha!
Sim, acho que as mulheres não devem ser penalizadas por um acto a dois e muitas vezes por uma decisão tomada a dois, ou na solidão da lua quando ninguém compreende nem faz um esforço para compreender.
Mas muito mais importante do que despenalizar é evitar! Não faz sentido ter uma lei que despenaliza o aborto quando se tem tanto preconceito sobre sexo! Há que educar, há que fazer dos preservativos parte integral das carteiras de homens e mulheres (mesmo as que tomam a pílula). Liberalizar nunca pode ser significado de banalização, deve sim ser mais um motivo para melhorar a informação e a educação e eliminar preconceitos absurdos que não podem ter lugar numa sociedade e num país com uma história ímpar como o nosso!
Não apelo ao voto ao Sim nem ao Não, apelo à consciência de cada um. E se no dia de votarem poderem colocar a cruz no local que desejam de consciência perfeitamente tranquila então fizeram o que é correcto!
Abraços do gelo,
Virgilio

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Rali de Portugal volta à Taça do Mundo



Aquele que já foi considerado o melhor rali do Mundo, volta a constar do calendário do Mundial de pilotos. Desta forma, voltarão a circular pelas espectaculares estradas das Serras da Lousã, Góis, Arganil, entre outras, alguns dos melhores pilotos do mundo. E a romaria (na qual já participei) de certeza que se irá repetir! Para os amantes deste deporto é uma boa notícia.

Calendário do Mundial de ralis:

19 a 21 de Janeiro: Rali de Monte Carlo
9 a 11 de Fevereiro: Rali da Suécia
16 a 18 de Fevereiro: Rali da Noruega
9 a 11 de Março: Rali do México
30 de Março a 1 de Abril: Rali de Portugal
4 a 6 de Maio: Rali da Argentina
18 a 20 de Maio: Rali da Sardenha
1 a 3 de Junho: Rali da Acrópole
3 a 5 de Agosto: Rali da Finlândia
17 a 19 de Agosto: Rali da Alemanha
31 de Agosto a 2 de Setembro: Rali da Nova Zelândia
5 a 7 de Outubro: Rali da Córsega
12 a 14 de Outubro: Rali da Catalunha
26 a 28 de Outubro: Rali do Japão
16 a 18 de Novembro: Rali da Irlanda
30 de Novembro a 2 de Dezembro: Rali de Gales

Fonte: Mais Futebol

Cumprimentos

RC

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Muhammad Yunus e o Banco Grameen



Hoje vi na SVT (canal público de televisão sueco) a palestra nobel de Muhammad Yunus que ocorreu a 13 de Dezembro de 2006, dois dias após receber o Prémio Nobel da Paz de 2006. A palestra foi, no mínimo, extremamente inspiradora.

O Banco Grameen (que significa "área rural" ou "vila" na língua original) é uma organizacão não-governamental com fins não lucrativos que dá micro-empréstimos a populacões desfavorecidas (maioritariamente mulheres, 97 %, visto ser este o sexo mais desfavorecido no Bangladesh e também o grupo que mais frequentemente partilha os bens com o resto da família), de forma elevar a qualidade de vida dos destinatários e permitir a abertura dos seus próprios negócios e dar oportunidade destes encontrarem as suas próprias fontes de rendimento. Este banco apoia neste momento cerca de 6.5 milhões de pessoas no Bangladesh, e os micro-empréstimos estão acessíveis a 80 % da populacão do país. A ideia é revolucionária do ponto de vista económico. A filosofia de base é a de que existem muitas pessoas que tem capacidades sub-desenvolvidas cujo único problema é a falta de oportunidades concedidas pelo meio ou sociedade circundante. A maioria dos beneficiários destes micro-empréstimos não teriam a chance de ter acesso a crédito no meio bancário usual. O volume médio de empréstimo é de 12 dólares por pessoa. O empréstimo é pago de volta sem juros. A taxa de pagamento do empréstimo é de 98.8 %. Gracas a este sistema, estima-se que cerca de 50 milhões de pessoas no Bangladesh sairam dos níveis de pobreza aguda em que viviam anteriormente. Os donos do banco são os próprios destinatários dos empréstimos (94%). O Banco tem agora outros investimentos na área da comunicacão (Grameen Phone e Grameen Telecom) e desenvolvimento e a fundacão Grameen tem sucursais e planos de desenvolvimento em funcionamento em 27 países.

Acima de tudo, aquilo que gostaria de sublinhar é o conceito económico sublinhado por Yunus durante a palestra. De que as empresas normais tem como objectivo a maximizacão do lucro e a rentabilizacão máxima do investimento. Yunus falou de uma alternativa, a existência de empresas de objectivo puramente social. Um empresário comum pensa, nas suas decisões do dia-a-dia, "Quanto dinheiro é que se pode fazer a partir deste investimento?". No tipo de empresas mencionados por Yunus, o empresário teria em mente a pergunta "Quantas pessoas poderão beneficiar a partir deste investimento?". Yunus preconizou como possível a co-existência de ambas as solucões num mercado aberto, para o bem comum: o primeiro tipo orientado para as populacões mais favorecidas, o segundo para o resto da populacão. Yunus frisou inclusive, que este tipo de conceito teria de ser iniciado a partir da iniciativa privada, e ser independente de governos, visto que nesse caso ocorre frequentemente uma instrumentalizacão da empresa para fins politicos externos à causa de ajudar os pobres e elevar a qualidade de vida.

E tudo isto comecou com um pequeno empréstimo de 27 dólares a um grupo de 42 famílias durante a fome de 1974 no Bangladesh.

É caso um caso para pensar para os muitos que acreditam que o esforco de um indivíduo não tem qualquer significado num contexto global.

:-)
"Rød" Paulo

Frase...

Um Homem sem ambições é como um espantalho ao sol!

Todos passam por ele e alguns, ainda lhe cagam em cima!

RC

terça-feira, janeiro 16, 2007

Os outros nunca vão entender!

Hoje de manhã recebi um mail de um amigo! Homem de Coimbra e adepto da Académica, deixou-me os olhos humedecidos com as curtas palavras que escreveu sobre o jogo de ontem, em que recebemos e perdemos 2-0 com o Benfica. Pode ser um pouco polémico e politicamente incorrecto, mas não quero deixar de o partilhar aqui:

A Académica perdeu e pronto. Não me desculpo com penaltys como fazem os outros. Quando acabou o jogo eu era ainda mais da Académica. E hoje ainda mais.

Os chamados "grandes" de Lisboa precisaram do Salazar para o ser. Os do Porto, precisaram do Calheiros e do Apito Dourado.

A Académica é transversal, diferente, vai além da bola na trave. Os "outros" nunca a vão entender.

Ecologia (outra vez)!

Olá!

Se for 20% menos que em 1990, já não é nada mau (considerando que as emissões aumentaram uns 10% desde lá, então essa descida significa um decrescimento real de 27% em relacão aos valores actuais). O único problema que resta é definir de que maneira é que este objectivo será atingido. O problema com a reducão das emissões de CO2 é o de que (quase ) toda a gente está de acordo em relacão à necessidade de reduzir. O problema é quando, por exemplo, o governo decide implementar taxas extras sobre a aviacão, o tráfico, a gasolina, a indústria, etc (uma das estratégias que os governos nórdicos têm implementado). Aí indigna-se o povo e aponta-se o dedo a outros culpados (como a indústria pesada, por exemplo, ou o Bush, o bode expiatório favorito da malta na Europa nos últimos tempos). Se o pessoal deixasse o carro em casa no dia-a-dia e apanhasse transportes públicos e abandona-se os planos de ir a Londres no próximo fim-de-semana para comprar roupa, já daria uma contribuicão individual estupenda, sem ter alterado radicalmente a qualidade de vida pessoal.

A revolucão ecológica tem de partir dos indivíduos, não do estado. O último caso tem um nome já sobejamente conhecido: comunismo. Só com a alteracão dos hábitos de consumo individuais se atinge a meta da reducão das emissões de CO2 sem sofrer uma reducão das liberdades individuais. O outro lado da reducão tem de vir do desenvolvimento tecnológico e adopcão de planeamento de recursos como componente fundamental do sector público e privado (a criacão de departamentos de recursos materiais em cada instituicão pública, por exemplo, em que os membros seriam responsáveis pela reducão e aproveitamento máximo dos recursos energéticos e materiais da instituicão). A terceira vertente parte dos governos, mas como dito anteriormente, existe um balanco frágil entre as liberdades individuais e o bem comum, sendo por isso a intervencão destes um plano delicado, mas indisputavelmente fundamental.

Em relacão aos EUA, China, Brasil, etc, concordo com o post, mas continuo a sublinhar que se toda a gente no planeta viver segundo os padrões de consumo de um cidadão médio europeu, então seriam necessários 3,1 planetas Terra para fornecer recursos suficientes para manter a mesma "qualidade de vida" a toda a gente (se adoptássemos o consumo do cidadão médio americano, seriam necessários 5,4, de acordo com o mesmo artigo que li). Como é que podemos negar a um chinês que ele tenha 2 ou 3 carros no seu agregado familiar, quando é prática quase comum na Europa e nos EUA viver de acordo com esse padrão de vida? O exemplo tem de comecar de algum lado. A Suécia tem sido campeã da ecologia em muitas frentes (um dos poucos países na Europa que reduziu a emissão de CO2 desde 1990; a estratégia governamental é ver-se livre do carvão e petróleo como fontes de energia até 2030), sem no entanto sofrer uma descida considerável na qualidade de vida individual dos seus cidadãos ou perder completamente a competitividade económica no mercado internacional. Se um país consegue, porque é que os outros não conseguem? Não será este um caso a estudar? Tanto em Portugal como na Noruega tem-me irritado os comentários na imprensa do género: "Mas o nosso país só contribui com 0,5 % para a emissão global de CO2. Mesmo se reduzissemos 50%, não teriamos quase nenhum efeito no equilíbrio ecológico do planeta. Comecem pelos EUA, que contribui com 30%". Se todos pensarem assim, então não se vai mesmo a lado nenhum. Tem de se comecar por algum lado. Portugal foi um dos primeiros países no mundo a abolir tanto a escravatura como a pena de morte, numa altura em que ambas eram consideradas como "normais" em quase todos os países ocidentais. Este é um exemplo de como a fuga à normalidade e a abstencão de se comparar com os níveis e realidades internacionais (em certos casos específicos) e tomar iniciativa primeiro pode ter um efeito positivo e sensibilizante.

Este fim-de-semana li um comentário do autor Jostein Gaarder (o autor de "O Mundo de Sofia" e "Maia", entre outros) sobre o aquecimento global: se uma pessoa tentar largar um sapo numa panela com água a ferver, este salta imediatamente; se, no entanto, largarmos um sapo em água fria e formos aquecendo lentamente, podemos cozer o sapo sem que este se aperceba. A nossa geracão vive uma situacão semelhante. Visto que a mudanca é gradual, o pessoal não se apercebe da direccão em que se caminha.

Abracos
O "radical" ecologista
:-)
Paulo.

P.S.: Isto era para ser um 'comment' ao artigo anterior, mas devido a problemas informáticos, tive de o escrever com um post (o blogger não me deixou publicar o comentário, vá-le lá saber porquê!)

domingo, janeiro 14, 2007

Atitudes

A Comissão Europeia anunciou esta semana a estratégia energética até 2020. O objectivo será a redução em 20% das emissões de CO2 em relação às emissões de 1990 e que 30% da energia seja proveniente de fontes renováveis.

De imediato ONGs ambientalistas manifestaram-se contra, dizendo que estavam a ser pouco ambiciosos. Mas será que estão mesmo? A UE tem-se empenhado fortemente na alteração dos hábitos dos seus cidadãos e empresas em relação ao ambiente. A educação ambiental é uma realidade em quase todos os países. Será que não é altura de virar os olhos para outros países?

Países como China, Índia, Rússia e acima de todos, os EUA têm que começar a ser responsabilizados pelo que já está a acontecer! A ONU tem que agir. Não é continuar a ser a marioneta que fala ao sabor do vento, sendo que este parece soprar sempre no mesmo sentido...

Não é com críticas ao que poderá ser considerado pouco ambicioso que se consegue algo. Critique-se quem não faz nenhum e ajude-se os que já fazem algum a fazerem melhor do que propõem!

Cumprimentos

RC

sábado, janeiro 13, 2007

Marie Antoinette


Ontem à noite fui ver a ultima criacão de Sofia Coppola, Marie Antoinette, com Kirsten Dunst no papel central. O filme é a primeira biografia cinematográfica em língua inglesa desde a adaptacão "Marie Antoinette" com Norman Shearer de 1938.

O filme é de um esplendor visual exuberante. É um banquete para os olhos, desde a primeira cena até ao último segundo. O tom é leve, as conspiracões políticas e os acontecimentos históricos e sociais precedentes à revolucão francesa são periféricas na narrativa que é exposta ao público. O filme dá-nos um olhar feminino e intimista da vida de Maria Antoinette. Talvez a mais realista, quando se tem em consideracão aquilo que se sabe hoje em dia sobre a vida pessoal da rainha decapitada. O guião do filme é fortemente baseado na biografia recente (2001) de Antonia Fraser "Marie Antoinette: The Journey", que foca mais sobre os aspectos pessoais da vida da rainha. Felizmente, para muitos, Sofia Coppola livrou o público de um final pesado e deprimente, ao escolher parar o filme no momento em que a família real abandona Versalhes. Pode-se dizer, inclusive, que o filme é uma descricão da vida da rainha como moradora de Versalhes, apenas e exclusivamente.

Em termos de realizacão, Marie Antoinette segue as mesmas linhas de estilo vistas em Virgins Suicide e Lost in Translation. Sofia Coppola prima por exibir uma sequência narrativa na qual a imagem e o jogo de silêncios são as vozes mais marcantes da (in)accão. O filme flui num ritmo melancólico/nostálgico, num estilo MTV, onde a exuberância de fatos, perucas, palácios e, até mesmo, comida, bombardeia-nos num deleite visual. A autora atreve-se a misturar claros anacronismos cenéricos (vê-se descaradamente um par de sapatilhas Converse All-Star e um pullover Blueberry num par de cenas) e musicais (a banda sonora é excelente, marcada pelo Novo Romantismo extravagante da brit-pop e punk da década de '80 - aconselha-se!). Os actores escolhidos para os papéis cuprem os seus papéis na perfeicão exigida (ambos os reis, Rip Torn e Jason Schartzman, dão-nos uma imagem credível e humana dos respectivos monarcas, Luís XV e XVI), Kirsten Dunst presenteia-nos com uma versão juvenil de Marie Antoinette que talvez seja mais apropriada à primeira parte da sua vida como rainha (Marie Antoinette casou-se com 15 anos de idade e tornou-se rainha com 19 - é nesse tom adolescente que Kirsten interpreta a sua personagem). É uma descricão na primeira pessoa, no mesmo estilo que vimos em Lost in Translation. Fica-se com a sensacão que o filme é uma sequência longa (2 horas e 18 minutos) de colagens estéticamente ricas e coloridas de uma sociedade fútil e centrada sobre si própria.

Acredito que o filme não é para todos. Muitos odiarão o filme pelo vácuo de acontecimentos e pela previsibilidade da realizadora. Outro(a)s (maioritariamente elas, arrisco eu!) adorarão a frescura e a semi-melancolia de algumas cenas. Pessoalmente, caio no segundo grupo.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Sabor a mar!

Ora olá outra vez meus amigos!
Desde que regressei tanta e tanta coisa aconteceu que nem sei bem por onde começar. Mas uma das novidades é que decidi voltar à práctica do futebol e desde então duas noites por semana lá tento desenferrujar as pernas e espelhar o perfume português pelos campos canadenses.
Ora o que me leva a contar-vos isto hoje é porque acabo de chegar a casa depois de mais um jogo em que tive os louvores de todos os membros da equipa e dos habituais membros da "claque". Mas não pensem que por aqui se joga mau futebol. Para já estou a jogar numa equipa de 4ª divisão (sim, leram bem, 4ª divisão) de indoor, e apesar de achar que nenhuma das outras equipas é melhor que a nossa (já agora a equipa chama-se Venezuela e é composta por venezuelanos, colombianos, mexicanos, equatorianos, um português (eu), um chinês e um canadiano). Mas onde ia eu agora... Ah! Já me lembro, mas apesar de as outras equipas não serem claramente melhores que a nossa, não podiamos estar a fazer muito pior. Mas eu gostava de vos ver a jogar com tabelas... Mas hoje marquei dois golos (sim, eu não sou apenas um defesa que destroi jogo!!!) e voltámos a perder. Mas o que mais me marcou, apesar de estar satisfeito com o meu primeiro jogo de SEMPRE em que marco dois golos, foi o árbitro. Por vezes vê-se à distância que o árbitro não faz a menor ideia do que está a fazer, mas quando começamos a perceber que está a prejudicar uma equipa claramente... temos pouco depois a confirmação de que em conversa entre dois árbitro um deles diz ao outro que não gosta de latinos!
Por momentos dentro de campo recuperei a alegria de jogar, a alegria do futebol. Duas equipas a jogarem rasgadinho e durinho, mas sempre nos limites, golos para todos os gostos e feitios, e de repente vem um elemento estranho ao jogo e começa a estragar tudo!
Ainda celebro as vitórias da minha briosa, mas a Académica que todos conhecem já não é a minha académica pelas razões que muitos de vós ja conhecem.
E pegando neste exemplo lanço a pergunta final (sim, este post tem um objectivo):
Porque é que quando algo é quase perfeito temos sempre de complicar, corromper, acabando por destruir?
Abraços dos gelo e da neve,
Virgilio

Regresso noutro formato

Olá a todos.

Após um longo interregno na publicação de textos, iremos voltar a escrever. No entanto, dado que a disponibilidade para escrever bons textos não é muita, combinou-se entre os editores que não haveria dia específico para escrever, como até aqui.

O novo blogger (que já não é beta!) disponibilizou também um conjunto de ferramentas novas interessantes, que, para um ignorante nestas linguagens de programação como eu sou, permitirão organizar os textos de outra forma. Assim que tiver um pouco de tempo e paciência, algumas mudanças estruturais irão ocorrer no blog!

Espero que nos voltem a visitar com a mesma regularidade e que comentem os nossos textos sempre que possível.

Cumprimentos,

RC