terça-feira, janeiro 23, 2007

Clinton vs. Obama


Dentro de 2 anos realiza-se de novo a eleicão para a presidência dos Estados Unidos da América. Dada a baixa popularidade de George W. Bush e do partido republicano ultimamente, muita da atencão política americana e internacional vira-se agora para o candidato do partido democrata. E se as tendências de voto dentro dos democratas se mantêm iguais aquelas que se vê hoje, então, vê-se pela primeira vez na história dos EUA, a oportunidade de se ter um candidato democrata com fortes chances de ganhar que ou é uma mulher ou é "de cor". Falo concretamente de Hillary Clinton e Barack Obama.

Hillary Clinton é já sobejamente conhecida pelo seu papel como primeira dama do ex-presidente democrata Bill Clinton. Ela tem actualmente 59 anos e é senadora pelo estado de New York. Os seus méritos políticos e pessoais são bem conhecidos: mesmo os seus oponentes reconhecem que Hillary é uma mulher forte, inteligente e com reconhecida capacidade de lideranca. Aparte disso, Hillary já conhece a rotina e os mecanismos da Casa Branca, tem vasta aceitacão tanto do povo como da maquinaria partidária e tem facilidade em angariar fundos para a sua campanha. No seu vídeo de lancamento da campanha, Hillary promete reformas ousadas mas práticas, foco na resolucão do conflito iraquiano, um alargamento do sistema de seguros de saúde norte-americano e transformar os EUA num país menos dependente do petróleo e fortalecer o sistema de seguranca social nacional. Caso venca, torna-se a primeira mulher presidente dos EUA e também a primeira pessoa casada com um ex-presidente.

Talvez ainda mais radical é a candidatura de Barack H. Obama. Barack é considerado a "estrela de rock" política do momento no cenário norte-americano. Barack goza de extrema popularidade nacional e muitos vêm-no como uma verdadeira lufada de ar fresco e como um idealista convicto e revolucionário. O seu trajecto biográfico é bastante pouco habitual para um candidato à presidência: Barack (45 anos) é filho de uma americana e de um estudante queniano que se conheceram no Hawai, onde Barack nasceu. Quando Barack tinha 2 anos de idade, os pais divorciaram-se e a mãe casou-se novamente com um estudante indonésio. Obama mudou-se para Jakarta com 6 anos de idade, onde viveu até perfazer 10 anos. Depois deste período, mudou-se para a casa dos avós no Hawai, onde estudou até acabar o liceu. Durante a adolescência, experimenta marijuana e cocaína, facto que reconhece publicamente. Depois deste período, Obama enceta uma carreira estudantil e política fantástica, até se tornar senador do estado de Illinois (com 70% dos votos). Obama viaja frequentemente para o estrangeiro, e numa das suas deslocacões oficiais tornou-se célebre a sua campanha para o rastreamento da SIDA enquanto este se encontrava no Quénia, por ocasião de uma visita à aldeia do seu pai. Barack escreveu recentemente um livro, "The audacity of hope", lancado em outubro de 2006 nos EUA, que tem sido um best-seller no mercado americano. Neste livro, Obama explica as suas conviccões políticas pessoais, a sua fé num sistema análogo ao New Deal de Franklin D. Roosevelt onde todos tem direito à luta por uma vida melhor, e na qual a intervencão do estado é importante. Barack é contra a intervencão americana no Iraque, e já o era antes do início da campanha americana em 2003. Barack é um internacionalista e acredita na cooperacão internacional. Numa entrevista recente ao The New Yorker, Barack afirmou "I want China and India to succeed". Barack é também um dos políticos mais entusiasmados com a utilizacão da Internet e na criacão de legislacão orientada a proteger a neutralidade deste meio. Barack Obama tem no entanto problemas em ganhar votos no lado mais conservador do eleitorado, primeiro por ser filho de um estrangeiro, segundo pelo seu nome do meio, Hussein, que não ajuda nas suas campanhas. Também é conhecido que Obama teve de deixar de fumar, e um dos seus oponentes de cor reiterou um dia que "Obama não é preto o suficiente", referindo-se à sua educacão previligiada e ao facto de ter uma mãe branca. Obama goza no entanto uma base popular extrema - muitos dos liberais norte-americanos vêm um revolucionário prático e empreendedor na figura de Obama, e muitos expressam a sua fé (sim, este é o termo correcto!) na reforma da burocracia política na Casa Branca com a eleicão de Obama.

Neste momento, e de acordo com uma sondagem recente do Washington Post, Hillary lidera a campanha pela candidatura democrata com 41%, enquanto Barack tem 17% do eleitorado democrata do seu lado. Seguem-se os senadores John Edwards com 11%, Al Gore com 10% e John Kerry com 8%, todos eles figuras já conhecidas nas campanhas presidenciais.

Qualquer um dos dois candidatos parecem-me prometedores, quer na cena política internacional (teremos um EUA mais cooperante e pacifista dentro de 2 anos?), quer no cenário político interno americano (um reforco da seguranca social norte-americana).

2 comentários:

RC disse...

Grande pesquisa! Obrigado. Eu votaria Obama (cuidado que escreveste uma vez Osama!) porque me parece um voto contra o sistema. Esperemos acima de tudo que quem quer que ganhe tenha uma política externa de cooperação e não imperialista, como tem sido a do actual governo norte-americano!

Cumprimentos

viking disse...

Olá!

Ahahah, se calhar Osama foi um "freudian glimpse" da minha parte! Infelizmente não sou o único que faz o mesmo erro, e o partido republicano aproveita-se disso!

Ouvi falar do Obama quando estive em Atlanta em outubro e muitos americanos com quem falei falaram muito entusiasticamente acerca dele. Também nesse mês apareceu o retrato dele na capa da Time, daí o meu interesse.

:-)
Paulo.