quarta-feira, outubro 31, 2007

Desorganização...

Trago-vos um pequeno episódio que descreve bem 0 quão errada está a cultura do "o que é nacional, não presta"...
O cenário é simples: um amigo nosso mudou de trabalho. Quer dizer, não mudou exactamente de trabalho, mudou apenas de escritório na sua empresa... Estava a trabalhar num país e mudou-se para outro, que não Portugal (não interessa agora para o caso, mas mudou-se para um país que supostamente é uma das nações mais desenvolvidas do Mundo...)
Ora este processo decorreu durante alguns meses - 6 meses para ser mais preciso - e teve o desenlace durante Setembro passado, em que as condições ficaram todas acordadas e se assumiu o compromisso da transferência. Assinaram-se e rasgaram-se os contratos necessários e lá começou a nova etapa. Até aqui tudo normal.
O que é estranho no meio disto é que já lá vão quase 2 semanas de "trabalho" e esse nosso amigo ainda não está efectivamente a trabalhar. Ainda não tem projecto! Já está no escritório a full-time, mas ainda se vai entretendo apenas a fazer alguns cursos de formação online, um bocado para justificar o tempo e não o passar de braços cruzados...
Segundo lhe comunicaram, as pessoas que fazem as equipas nos projectos e colocam os "recursos" nas vagas existentes, apenas foram informadas na semana que antecedeu a sua chegada de que ele ia efectivamente aparecer!... Esplêndido!
(...)
- Olha, para a semana vai aparecer aí um Português para trabalhar...
- Tudo bem, ele que venha na Segunda-feira!
- Dá-lhe lá um computador e um cartão de acesso aos escritórios...
- Eu digo-lhe onde ele pode ir tratar disso tudo, n tem problema!
- Ele que se sente lá à frente duma secretária qualquer, temos lá muitas... Enquanto não aparecer nada para ele fazer, que se vá entretendo, que nós vamos-lhe pagando...
(...)
E ele lá continua... Activamente à espera, porque também não é de se encostar a dormir à sombra do chaparro...

Se isto se tivesse passado em Portugal, era porque o nosso país é uma tristeza, uma desorganização, um terceiro-mundismo bacoco, etc... e que "lá fora" é que era...
Pois bem, "lá fora" as coisas podem ser tão más ou até piores do que em Portugal, é importante não esquecer isso...

domingo, outubro 28, 2007

Tributo - Sex Pistols

Faz hoje 30 anos que lançaram o seu único álbum. Deram voz a uma geração descontente, desiludida e sem perspectivas. Desapareceram tão depressa como apareceram mas, a sua música viverá por muitos mais anos.

Deixo uma das músicas que mais mexeu com a sociedade Inglesa da altura.



RC

sexta-feira, outubro 26, 2007

Nostálgica serenata

Era sinónimo de início de festa, a cidade vestia-se de negro, num luto alegre, ansioso. Para muitos era sinónimo de passar a pertencer a uma família para a qual tinham estado em estágio durante meio ano.

Os anos passaram e fui deixando de assistir ao evento, preferindo as tertúlias com amigos num qualquer tasco da alta da cidade, quiçá procurando fugir a emoções que se tornavam mais fortes há medida que o tempo passava e se tornava mais curto.

Ontem, quando cheguei a casa, resolvi ligar a TV e calhou esta estar sintonizada na rtpi. Inicialmente apenas vislumbrei um vulto negro a cantar, rodeado de mais vultos negros. Depois ouvi as guitarras, vislumbrei a multidão negra no escuro da noite, a fantástica renovada fachada da Velha Sé e...e reconheci o vulto cuja voz saía pelas colunas da minha TV. Sim, era ele mesmo, antigo colega de copos, como se tornavam todos aqueles que comigo aderiam à praxe, ali estava ele perante milhares de pessoas a declamar o fado de Coimbra. E fiquei na mesma posição durante o resto da Serenata Monumental da Queima das Fitas 2007, a relembrar os momentos vividos enquanto estudante da academia Coimbrã.

Até que o afe-erre-a começou, e acordei do sonho em que me encontrava e cantei-o também, baixinho para não incomodar os vizinhos e atirei a minha pasta imaginária ao ar com as fitas azul celeste dependuradas. E depois, depois deu-se início à festa que sempre durou uma semana.

Cumprimentos nostálgicos,

RC

ps: e para o Alberto vai um Grande Afe-ERRE-A ;)

segunda-feira, outubro 15, 2007

Portugal é o segundo país com melhores políticas de integração de migrantes

Jornal o Publico

Portugal é o segundo país com melhores políticas de integração de migrantes
Lusa

Portugal é o segundo país de uma lista de 28 (25 Estados-membros da União Europeia, Canadá, Noruega e Suíça) com melhores políticas de integração de migrantes, nomeadamente no acesso ao mercado de trabalho, reagrupamento de famílias e práticas contra a discriminação.

As conclusões fazem parte do estudo "Index de Políticas de Integração de Migrantes 2006", ao qual a Lusa teve hoje acesso e que será apresentado amanhã em Lisboa, um trabalho feito por um consórcio de organizações europeias, lideradas pelo British Council e pelo Migration Policy Group, em Bruxelas.

No topo da tabela surge a Suécia, com uma média de 88 pontos (em cem possíveis) em seis itens de análise: acesso ao mercado de trabalho, reagrupamento familiar, residência de longa duração, participação política, aquisição de nacionalidade e antidiscriminação.

Portugal surge no segundo lugar, com 79 pontos, seguido da Bélgica (69 pontos), Holanda (68 pontos) e Finlândia e Canadá (ambos em quinto lugar, com 67 pontos).

No global, os Estados-membros da União Europeia estão a fazer apenas metade do que poderiam fazer para melhor integrar os migrantes, consideram os investigadores do consórcio de 25 organizações europeias - em Portugal, a parceira é a Fundação Calouste Gulbenkian.

O estudo faz um "ranking" das políticas destinadas a integrar os 21 milhões de migrantes em 25 Estados-membros, bem como no Canadá, Noruega e Suíça, analisando 140 indicadores que incluem: direitos dos imigrantes no local de trabalho, oportunidades para se fixarem de forma permanente no país-destino, leis de combate ao racismo e à discriminação e possibilidade de reunificação de famílias.

Nos piores lugares da tabela surgem a Eslováquia e a Grécia (40 pontos de média), Áustria e Chipre (com 39 pontos) e Letónia (30 pontos).

sexta-feira, outubro 12, 2007

Al Gore e o Nobel da Paz 2007




Hoje foi anunciado no Comité Nobel do parlamento norueguês Stortinget, às 11 horas da manhã locais, o vencedor do prémio Nobel da Paz de 2007. Os vencedores foram o Painel Climático das Nacões Unidas (IPCC) e o ex-vice-presidente norte-americano Al Gore (vice-presidente durante o período em que Bill Clinton foi presidente dos EUA, 1992-2000). Al Gore partilha o prémio devido ao seu esforco em pôr em relevo o problema ecológico proporcionado pelo uso de combustíveis fósseis, quer pela presenca no filme "An Incovenient Truth" em princípios de 2007, quer pela campanha que este encetou tanto na opinião pública americana como a nível internacional.

A escolha é evidentemente político, de forma a pôr em relevo o movimento ecologista internacional e a campanha para a reducão das emissões de CO2 e outros gases causadores do efeito de estufa para a atmosfera. Lembre-se que não é a primeira vez que a comissão Nobel norueguesa foca en questões ecologistas. A vencedora em 2004, Wangari Maathai, tambêm se distinguiu pela sua contribuicão social e ecologista no Quénia, através das suas campanhas pela reflorestacão e fixacão do solo no este africano.

Para compreender a atribuicão deste prémio a Al Gore e ao Painel Climático das Nacões Unidas, é necessário compreender o contexto político norueguês actual. O governo liderado pelo primeiro-ministro Jens Stoltenberg tem lutado de forma árdua pela reducão da producão e libertacão de gases contribuidores para o efeito de estufa, quer a nível interno, quer a nível das Nacões Unidas. Jens Stoltenberg liderou recentemente uma conferência internacional organizada pelas Nacões Unidas à poucas semanas atrás. Também tem sido um dos líderes ocidentais que mais tem-se esforcado pelo investimento em tecnologia de producão de energias renováveis na China.

Al Gore anunciou que irá doar o prémio monetário à organizacão ecologista The Alliance for Climate Protection.

Segue-se certamente uma certa dose de polémica e discussão em volta desta atribuicão, quer por parte daqueles que (ainda) não acreditam em causas humanas em relacão ao fenómeno do aquecimento global, quer por parte dos movimentos ecologistas que consideram Al Gore como um hipócrita (recorde-se a polémica que surgiu quando Al Gore recusou prometer a reducão do consumo de electricidade nas suas propriedades). O prémio já causou algumas ondas no cenário político norte-americano, onde certos círculos eleitorais democráticos têm esperanca na (re)candidatura deste ex-candidato à presidência (lembre-se que Al Gore foi o candidato democrata nas eleicões de 2000, onde perdeu por curta margem contra o actual presidente George W. Bush, depois de um longo e polémico processo de contagem de votos).

O prémio será atribuido numa cerimónia oficial na Oslos Rådhus (Câmara Municipal de Oslo) a 10 de Dezembro.

terça-feira, outubro 09, 2007

Sicko

"Sicko" é o título do ultimo filme do polémico realizador de documentários norte-americano Michael Moore. O filme debruca-se numa análise extremamente crítica do sistema de saúde privado norte-americano, e compara-o com o sistema universal público de diversos paises, como o Canadá, o Reino Unido, a Franca, e, surpreendentemente, Cuba. O filme comeca com a exposicão de vários casos individuais de falhas na prestacão de servicos médicos devido a problemas com as seguradoras, expostos num tom trágico-cómico. De seguida enceta o realizador uma viagem ao país vizinho no norte, no mesmo estilo de comparacão visto em "Bowling for Columbine". Quando Michael Moore se decide a cruzar o Atlântico para analizar o sistema nacional de saúde britânico e francês, o filme atinge o pico de ironia e de hilariedade, quando se vê o contraste com o sistema americano. O realizador é claramente parcial e a imagem com que se fica do sistema de saude publico vigente na Europa é quase a de um idílio utópico e sem mácula. O unico lado que transcende é o positivo. Mas por outro lado, perdoa-se os excessos de parcialidade do autor quando se toma em consideracão o objectivo do filme: o de pôr a nu as falhas do sistema semi-privado norte-americano.

O filme atinge os picaros do surrealismo no ultimo terco da exposicão narrativa. Michael Moore reune alguns trabalhadores voluntários que participaram na limpeza da zona das torres gémeas depois do 11 de setembro, e desloca-se à base de Guantanamo para exigir tratamento médico gratuito a estes trabalhadores. O filme termina com a alternativa bizarra do uso do sistema de saúde cubano.

O filme é caracterizado pelo mesmo estilo irreverente com que Michael Moore nos habituou, mas mais do que nos anteriores, fica-se com a sensacão gritante de que algo está verdadeiramente mal no sistema norte-americano. Muitos críticos classificaram este filme como mais apolítico que os anteriores, mas a impressão com que fico é a de o oposto. A unica diferenca é a de que desta vez ambos os partidos sofrem a mesma crítica.

quarta-feira, outubro 03, 2007

Olha a juventude inconsciente...

Olá!

Pesquei esta no Público de hoje, e parti-me a rir:

http://www.youtube.com/watch?v=8eIuIPUdS1s

O homem estava um bocado confuso na altura... ahahah

:-)
Paulo.

terça-feira, outubro 02, 2007

Biocombustíveis podem ser piores para o clima do que o petróleo

Biocombustíveis podem ser piores para o clima do que o petróleo

02.10.2007, Ana Fernandes, O Publico

As emissões da produção de biocombustíveis suplantam os benefícios do seu uso


As dúvidas sobre o impacto positivo do uso de biocombustíveis crescem a cada dia que passa. Acusados de destruir as florestas tropicais e de contribuir para o aumento do preço dos alimentos, agora é a sua própria razão de ser que é posta em causa. Um estudo do Prémio Nobel da Química, Paul J. Crutzen, indica que estes podem ser piores para o clima do que os combustíveis fósseis.

A acusação não é nova. Já muitos fizeram as contas à energia gasta para os produzir, comparando-a com aquela que geram, concluindo que, nalguns casos, o balanço era negativo. Desta vez, Crutzen, do Instituto Max Planck de Química (Alemanha), com colegas americanos, austríacos e britânicos, avança que o óxido nitroso libertado pelo uso de fertilizantes nas culturas energéticas tem piores efeitos que os gases emitidos pelo uso de petróleo.
Segundo o estudo, publicado na revista Atmospheric Chemistry and Physics, a colza, muito usada na Europa para o biodiesel, e o milho, que nos EUA está na base do etanol, produzem entre 50 a 70 por cento mais gases com efeito de estufa do que os combustíveis fósseis. Isto por causa das emissões de óxido nitroso - um subproduto dos fertilizantes à base de nitrogénio usados na agricultura -, que tem 296 vezes mais potencial de aquecimento global que o dióxido de carbono.
A investigação liderada por Crutzen chega a resultados três a cinco vezes mais graves do que anteriores análises de ciclo de vida feitas sobre os biocombustíveis. Isto sem terem incluído nas contas a energia gasta para transformar os materiais agrícolas em combustíveis, sublinham os autores, que podem ainda tornar mais evidentes os efeitos negativos do seu uso.
De todos os materiais agrícolas usados na produção de biocombustíveis, o que continua a surgir como o que oferece mais benefícios é a cana-de-açúcar. Mas como estas culturas estão situadas nos trópicos, crescem os receios sobre o seu impacto em relação às florestas. Mesmo que não sejam as causadoras directas da destruição, são acusadas de, na ânsia de procurar novos terrenos, empurrar outras culturas, como a soja e as pastagens, para dentro da mancha verde.
Os autores aconselham a mais estudos sobre o ciclo de vida dos biocombustíveis e defendem que os cientistas e os agricultores devem apostar em culturas e métodos de cultivo menos intensivos. Mas, neste momento, tal como está a ser produzido, "o etanol feito a partir do milho não passa de um exercício inútil", disse um dos autores, Keith Smith, à Reuters.
A febre do etanol nos EUA está a atingir o seu pico, relata o New York Times. A corrida, com preços nunca vistos do milho e o aumento do preço dos alimentos, provocou excesso de oferta, que não encontra escoamento e está a pressionar os preços em baixa. O ritmo a que foram construídas as destilarias não foi acompanhado pela distribuição e a abundância de etanol no mercado assusta os investidores. O problema é que este biocombustível é corrosivo e permeável à água e impurezas, pelo que não pode ser distribuído pela rede de oleodutos, o que satura os outros meios de transporte, inundados pelo novo produto.