quinta-feira, maio 24, 2007

Biblioteca humana!

Hoje ocorreu um evento no jardim do Stortinget (parlamento nacional norueguês) intitulado "Menneskebiblioteket" (="biblioteca humana"). Neste evento estiveram disponíveis vários indivíduos pertencentes a diversos grupos sociais minoritários que disponibilizaram tempo e energia para falar com todas as pessoas que assim o solicitassem. Indivíduos infectados com HIV, raparigas que usam jihab, homossexuais, lapões, refugiados muculmanos, prostitutas, entre muitos outros, disponibilizaram-se para serem interrogados durante meia-hora por qualquer pessoa que assim o desejasse. Foram colocados pequenos sofás em frente ao Stortinget onde os "leitores" puderam sentar-se e falar pessoalmente com cada um dos "livros de vida" em exposicão. O objectivo desta campanha é o de combater preconceitos e aumentar a aceitacão dos grupos minoritários e formas de vida marginalizadas ou alternativas da sociedade. Esta campanha irá repetir-se no festival de música Quart, em Kristiansand (sul da Noruega) durante o verão e este grupo irá percorrer o país de norte a sul numa mini-tourné.

Muito desejaria eu que uma ideia semelhante se pusesse em prática em Portugal, especialmente em certos meios em que parece ser bem necessário.

quarta-feira, maio 23, 2007

Ambientalistas, a conveniência de os haver ou não haver...

Ota, aeroporto, não há dia em que não se ouça falar do novo aeroporto de Lisboa. Na minha opinião, ele é necessário. Ser na Ota ou noutro local, estou-me pouco a marimbar (a Ota daria-me imenso jeito na minha situação actual, mas em 2017 sei lá o que me dará mais jeito...) o importante é que se faça!

O que acho piada é à última justificação que li do Ministro das Obras Públicas (que até pode fazer piadas em público sobre a licenciatura de José Socrates sem lhe ser instaurado um processo disciplinar!), referindo que todos as associações mbientalistas eram contra a hipótese margem sul para a localização do aeroporto por motivos que se predem principalmente com rotas migratórias de aves e locais de nidificação das mesmas. Estes são os mesmos ambientalistas que há anos lutam por um Rio Sabor livre de barragens, e que estão contra a localização da fábrica do IKEA em Paços de Ferreira também por motivos de ordem ambiental, entre outros.

No fundo, para os sucessivos governos desse país, a classe dos ambientalistas só se pode dizer que existe quando lhes convém, porque quando não lhes convém quase que são apelidados de terroristas!

RC

terça-feira, maio 22, 2007

Integracão!

Um dos problemas que mais ouco falar entre emigrantes/imigrantes portugueses (e não só) além fronteiras é o problema da integracão nos países nos quais presentemente vivem. Costumo encontrar atitudes variadas por parte destes, dos quais se destacam talvez três grandes grupos:
- aqueles que vêm o país em que residem como apenas uma solucão temporária, e talvez por isso mantêm uma atitude distanciada e de "turista" em relacão à sociedade em que se encontram; alguns aprendem a lingua apenas por mera curiosidade, mas a maioria não o faz; continuam a ler a imprensa nacional do país de origem e o círculo social com que se relacionam é maioritariamente outros estrangeiros na mesma situacão, embora não necessariamente compatriotas;
- aqueles que vêm a sua situacão como algo permanente, os verdadeiros emigrantes/imigrantes que vêm a presente situacão como uma solucão a longo prazo, mas mantendo no entanto a sua identidade nacional e reforcando-o, por vezes a um ponto extremo e até ridículo em certos casos; quando se visita a casa de um individuo de este grupo sente-se que se encontra numa embaixada do pais de origem os jornais e a TV são a do país de origem, a bandeira e outros simbolos nacionais encontram-se permanentemente presentes no cenário e estes individuos sentem grande orgulho nos feitos e cultura do seu país de origem. Geralmente cultivam (fortes) relacões sociais com os compatriotas na mesma situacão. A atitude em relacão ao país de acolhimento é mais intima do que a do grupo anterior, mas a distincão entre o "nós" (compatriotas) e "eles" (locais) é demarcada e o fosso existe. Geralmente acabam por se casar com outros compatriotas ou estrangeiros na mesma situacão. Por vezes aprendem a língua, por vezes a custo e por razões práticas, mas não há grande interesse em explorar a cultura local ao mesmo nível da nacão de origem. Geralmente mantém estes indivíduos uma actualizacão da realidade nacional do país de origem contínua.
- o terceiro grupo é um grupo peculiar: são aqueles que adoptaram o país de acolhimento como a sua nova nacionalidade e que cortaram, em diferentes graus de intensidade, os lacos com o pais materno. Estes aprendem a lingua local relativamente rápido, adoptam os costumes locais, estabelecem lacos sociais com os locais e identificam-se com membros deste novo grupo. Geralmente casam-se com os locais e os filhos aprendem a lingua local como lingua materna. Embora a assimilacão seja rápida e profunda, vivem o resto na vida num limbo de "nem-carne-nem-peixe" cultural com um pé no passado e outro no presente. Uma visita ao lar destes não revelaria ascendencia estrangeira, com um ou outro ocasional traco do pais de origem, quer em livros, revistas, filmes ou uma bandeira algures num canto da casa.

Não é a primeira vez que escrevo sobre este assunto, o tema não é novidade. Mas aquilo que é talvez novo neste posto é a abordagem deste tema do ponto de vista da solidão. Dos três grupos acima referenciados, aquele que considero mais sujeito ao perigo da solidão é o segundo. Os membros do primeiro grupo podem-se sentir temporariamente solitários, mas encaram a sua situacão como temporária e consolam-se com a ideia de voltar ao país de origem um dia no futuro. O terceiro grupo pode passar por um periodo de adaptacão de um ou dois anos em que lhes é dificil encontrar amigos, mas inevitavelmente acaba-se por se integrar na sociedade local. Em relacão ao segundo, é mais dificil. Os locais são estranhos e distantes porque não compreendem as nossas necessidades e os nossos pontos de vista, os compatriotas são poucos e estão geralmente ocupados com o seu trabalho e as suas famílias. Muitas noites se passam na reflexão do "o que é que eu estou a fazer aqui? para onde vai a minha vida? vale a pena?" e frequentemente se passam uns serões na companhia de um livro ou ao telefone com a família.

Os factores que considero de maior peso para a integracão são os linguísticos e os de interesses comuns. Abrem-de muitas portas com o dominio da lingua. E se uma pessoa é fan de cinema, por exemplo, compensa juntar-se ao clube local de cinema, por exemplo, e encontrar pessoas que se interessam vivamente pelos nossos pontos de vista em relacão ao tema em comum, independentemente da nossa nacionalidade de origem.

;-)
Paulo.

segunda-feira, maio 21, 2007

Orgulho e vergonha!

Não me esqueço de quem sou nem de onde venho: sou português de Coimbra com muito orgulho!
Com todo esse orgulho achei que deveria mostrar o fado, o fado de Coimbra por estas bandas! Juntei-me a quem me podia ajudar e que estava tão entusiasmado com a ideia como eu. Fizemos planos e contactos e num instante o Grupo Despertar da Secção de Fados estava de malas e bagagens para actuar em Toronto e Edmonton!
A vergonha veio depois. Confiar na palavra das pessoas e ver que isso pouco significa para tanta gente. Ter um grupo de jovens entusiastas prontos a atravessar o Atlântico para vir cantar o fado pagando do seu bolso as despesas, e do lado de cá ter pessoas de braços abertos (era o mínimo que podiam fazer) mas que rapidamente se esqueçeram que o acordo seria de partilha dos lucros... Fico envergonhado que perante a possibilidade única de ouvir fados de Coimbra, nem 10% caiba aos artistas... Fico ainda mais envergonhado por alguma vez ter feito o convite!
Agora resta-me no pouco tempo que tenho, conseguir desencantar actuações, que já acontecerão sem publicidade, para minimizar os encargos e a vergonha que sinto.
Há umas semanas atrás disseram-me que a comunidade não merece. Mas tive de aprender às minhas custas! É quase um desperdício ser português para portugueses. É muito mais recompensante ser português para canadianos, mas serei sempre orgulhosamente português de Coimbra!
Abraços já sem neve

domingo, maio 20, 2007

Foram 9 meses os que passei na Holanda. Na altura foram dedicados quase exclusivamente ao trabalho e as relações pessoais, tirando uma ou duas, singiram-se às pessoas com quem trabalhava.

Esta semana voltei. Tirando um Holandês, o qual considero um bom amigo, a minha antiga supervisora, que sendo esta a sua festa de doutoramento pouco tempo teria livre para mim, as expectativas de uma recepção calorosa seriam poucas.

Foi surpreendente a quantidade de pessoas que vieram ter comigo com um sorriso nos lábios. A conversa foi quase sempre de circunstância, mas nestas situações obviamente teria que ser. Desde de antigos estudantes aos meus antigos chefes, passei vários minutos a conversar com eles. Como se nos conhecessemos há longos anos e tivéssemos tido uma relação muito para além do trabalho. Na Suécia, não fosse o grupo dos portugueses (e obviamente se não o tivesse, seria um grupo de estrangeiros) estaria a passar um mau bocado! Povo diferente, cultura diferente, formas de estar na vida diferentes!

Sinto que voltar a viver na Holanda não seria difícil. Para além de saber que lá tenho algumas pessoas com as quais posso contar, a forma de estar do povo Holandês é muito semelhante à nossa. Fazer novos conhecimentos, não iria ser fácil, mas iria acontecer. No fundo, seria como mudar-me para uma cidade portuguesa nova, o que nem sempre é fácil e eu já senti isso na pele.

RC

segunda-feira, maio 14, 2007

Tecnologia ao nível da ficcão científica



Li hoje que a companhia LG Philips LCD, sediada na Coreia do Sul, apresentou um producto novo que penso que revolucionará o uso do papel a nivel internacional. Se uma pessoa se lembrar de algumas cenas do filme de Steven Spielberg "Minority Report", recordar-se-á então dos ocupantes do metro que liam um jornal interactivo. A companhia sul-coreana lancou hoje uma "folha" digital a cores (capacidade para 4096 cores!) com 0,3 mm de espessura e com a capacidade de se dobrar, não muito maior que uma folha A4. Esta "folha" só utiliza energia quando se muda de página.

A nivel ecológico, considero muito importante a substituicão do papel para outras versões de utilizacão frequente, para além de se tornar muito mais prático substituir as clássicas bibliotecas de papel por versões digitais mais portáteis. Imagino frequentemente a tarefa de mudar de casa como uma dôr de cabeca logística devido à minha pequena biblioteca de aproximadamente 100 volumes. Se se atribuir um peso medio de 1 kg por volume... Imagine-se a mesma biblioteca concentrada num stick de memória de 300 gramas...

:-)
Paulo.

domingo, maio 13, 2007

Festival Eurovisão da canção

Há muitos anos atrás, assistir ao festival da Euroivisão era motivo de entusiasmo e excitação que se iam acumulando durante as semanas em que as canções de todos os concorrentes eram exibidas no chamado horário nobre do antigo canal 1 da rtp. Convém realçar que nessa altura havia apenas 2 canais e a escolha era bastante limitada, e no meu caso, ainda mais limitada era pois o canal 2 nem sempre era sintonizável!

Os anos passaram e felizmente as opções audiovisuais aumentaram e obviamente as audiências diminuiram. Mas não em todos os países. Na Suécia, ao observarem o declínio nas audiências o formato do festival da canção sueco foi alterado. Hoje em dia os concorrente são figuras já conhecidas no panorama musical, que submetem os seus novos projectos à sensura daqueles que, mais ou menos já os idolatram. Resta referir que este festival divide-se em 3 sessões e que cada uma delas tem um share de cerca de 50%.

Chega-se então ao festival da Eurovisão, ao qual eu já não assistia já nem sei há quanto tempo! Ontem, durante um jantar com amigos lá deixámos a TV na SVT1 (o equivalente ao nosso canal 1) e fomos assistindo às performances dos representantes de todos os países que atingiram a final. Obviamente que se ía discutindo quem seriam os favoritos e quais eram canções para festival e aquela lenga lenga da praxe. Mas o pior estava para vir. Alertados por um dos presentes, que tinha percebido isto na edição do ano anterior, divertimo-nos a tentar adivinhar a que países iria cada país atribuir as pontuações máximas. É de facto vergonhoso constatar que o espírito competição justa está totalmente subvertido neste concurso. Ora, todos os países oriundos da antiga jugoslávia atribuiram a pontuação máxima a países da antiga jugoslávia. Os países Escandinavos atribuiram a pontuação máxima à Suécia. Os países provenientes da ex-URSS votaram em países da ex-URSS. Chipre obviamente votou na Grécia. Os países Muçulmanos atribuiram a votação máxima a países Muçulmanos e por aí fora. Estando bastante atento perceberia-se a existência de muitas mais votações falseadas.

Surpreendente, num contexto destes, é no ano anterior, o vencedor ter sido a Finlândia. Dizem as más línguas que o estilo metaleiro e o espectáculo de palco surpreendeu tudo e todos e que terá sido esse o principal motivo para a vitória. No fundo os rapazes deviam ter mesmo uma música jeitosa que deve ter tido uma votação regular elevada, pois segundo quem assistiu ao festival do ano anterior, verificou-se o que relatei no parágrafo anterior com as votações nos "amiguinhos.

Não sei quem ganhou ontem. A Sérvia ía destacadíssima à frente, fruto de 5 pontuações máximas dos restante 5 países que anteriormente constituiam a Jugoslávia. A Ucrânia vinha logo atrás. E no geral os países de leste estavam todos bem posicionados. Quem saiu a perder foram sem dúvida os organizadores do festival. O espírito não democrático da votação foi por demais evidente e espera-se que no futuro consigam dar a volta a este problema. De resto, a conclusão a que tinha chegado há cerca de 10 anos mantém-se: pior que assistir ao festival da Eurovisão é assistir à missa pela TV!

RC

quinta-feira, maio 10, 2007

Vida de prof: parte II

Olá!

Pois é, depois de 2 meses de preparacão mais 3 meses de ensino com 2 aulas por semana em média, chega a altura dos exames e verifico um fenómeno interessante por parte dos meus alunos. Durante 5 meses apareceram-me 2 almas perdidas no meu escritório para me fazer perguntas sobre a matéria. Num espaco de 3 dias apenas (desde o dia em que deixei uma bateria de perguntas de exame acessíveis na net) apareceram-me 5 alunos mais uma média de 1 email por hora com perguntas relacionadas com a matéria desde segunda-feira. Ando literalmente afogado em solicitacões nos ultimos dias.

É interessante ver as coisas deste lado da trincheira. Quando me aparece alguém no escritório com uma pergunta, esperam eles que eu venha com uma resposta imdiata e pronta sobre matéria coberta por cerca de 800 página de literatura. Frequentemente não me lembro de pormenores relacionados com certas perguntas, tenho apenas a ideia geral e necessito dar uma espreitadela aos livros para responder com exactidão e certeza. Daí ser-me mais fácil responder a questões via email do que directamente. Ás vezes fico embaracado com a minha propria incerteza na resposta de certos detalhes. Ás vezes dá-me vontade de responder: "Mas que é que isso interessa?" a certas perguntas.

Enfim, vida de prof...

terça-feira, maio 08, 2007

Nova publicidade da Lego!

domingo, maio 06, 2007

Spiderman 3


Ontem fui ver o ultimo filme da (para já) trilogia baseada na personagem criada por Stan Lee e Steven Ditko em 1962. O filme é (demasiadamente) longo e foca em demasiadas histórias que se desenvolvem paralelamente e que se cruzam oportunamente nalgumas sequências. Em foco é apontada a importância da amizade e das relacões humanas como pano de desenvolvimento na sequela. Fica no ar um certo tom de que a obra está incompleta, que um Spiderman 4 está a caminho, que falta alguma coisa por contar, especialmente na relacão entre Peter Parker/Spiderman (Tobey Maguire) e Mary Jane Watson (Kirsten Dunst). De relevo também a presenca de Stan Lee (uma vez mais!) como figurante, desta vez interveniente, numa das cenas da accão. Engracado o facto de que todos os vilões mostram uma faceta extremamente humana neste filme. Todos eles são, eram ou foram, no fundo, boas pessoas, que se perderam pelo caminho. Ponto de vista este que se entende provisoriamente à própria personagem central da narrativa. De assinalar também um ponto de vista quasi-político expresso pela tia May numa das cenas centrais da estória: de que não nos cabe a nenhum de nós tirar a vida a outro, por mais horrendo o crime que este possa ter cometido.

As cenas de accão e os recursos de efeitos especiais utilizados neste producão atingem o pico da trilogia até ao ponto de tornar a frágil figura de Tobey Maguire fisicamente credível no papel de superherói. Nunca antes foi tão verosímel e quase realista as cenas de luta do aracnídeo na grande tela. Foi um prazer ver o esplendor acrobático do herói de azul e vermelho saltitante entre as ruas e bêcos de Nova Yorque.

Outro ponto luminoso é o recurso à comédia ao longo de todo o filme. Acredito que esta figura de estilo venha a irritar muitos dos defensores de uma imagem mais sóbria e adulta da figura de ponte da editora Marvel Comics. Demarca-se um retorno à imagem original, semi-adolescente e imatura, da personagem apresentada na década de 1960, ainda distante das responsabilidades pesadas do casamento e da vida adulta que vigora na versão actual do herói na banda-desenhada.

Perdoa-se algumas liberdades (necessárias) na adaptacão (o simbionte que dá origem ao fato negro vem num cometa, ao contrário do adquirido na série "Secret Wars I"; Peter Parker e Gwen Stacey nunca chegam a namorar, e esta não morre no incidente com o Green Goblin, entre outras). Cinco estrelas também para a sequência de apresentacão do filme: de uma forma visualmente muito rica e original, sem no entanto perder a linha de continuidade com o estilo da introducão dos dois filmes anteriores, é apresentada ao (possivelmente novo) espectador um resumo dos acontecimentos mais importantes que nos levam até ao presente actual, numa sequência de curtos flashbacks gráficos.

Em conclusão, talvez com uma história pesada para o comum dos mortais, Spiderman 3 serve os fans com uma boa sequela rica em efeitos visuais.Spiderman 2 continua a ser o melhor da trilogia, mas o terceiro não degenera a um ponto de inibir os espectadores de ir ver um (possível) 4.

:-)
Paulo.