sábado, fevereiro 11, 2006

Portugalite

Portugalite. O termo entrou no meu imaginário graças a crónica do MEC nos anos 90 e foi brilhante avivado devido a um texto de Susana Nunes (emigrante em Paris) na última revista Atlântico.

Basicamente, a Portugalite é uma doença curável, mas longe de estar extinta. Consequência de um choque cultural de grau 5, consiste em renegar, ainda que muitas vezes de forma inconsciente, o país que nos viu nascer. Quando um grupo de emigrantes portugueses fala entre si não a língua de Camões, mas a língua do país de acolhimento estamos perante um sintoma claro de Portugalite. Ou quando num diálogo de 15 segundos dizem 10 mil vezes "Ah bon, lá na France é que é!" batemos no fundo da doença.

Nestas tristes circunstâncias, apetece a qualquer pessoa mandar toda e qualquer tolerência ocidental possível às urtigas e exigir o BI e passaporte de volta! A falta de identidade enquanto povo é o primeiro passo para a descrença no crescimento económico e no desenvolvimento social de um país.Num mundo cada vez mais global, só uma postura furiosamente portuguesa e abertamente universal nos pode salvar.

Felizmente, há muitos portugueses com essa postura todos os dias e em muitos pontos do Globo.Pertencem, como eu, à geração que cresceu com idas a restaurantes chineses, onde os sofridos emigrantes em solo luso ( Madeira não incluído!) educavam os filhos entre uns Chop-Suey(s) e umas galinhas com cogumelos sem pudor de falar em chinês à nossa frente.

Actualmente não vivo no estrangeiro, mas Deus deu-me a lucidez de ver quando vivi que, apesar de imensos defeitos, Portugal ainda é um país possível. Precisa é de todos nós onde quer que estejemos!

Sem comentários: