Olá!
Se for 20% menos que em 1990, já não é nada mau (considerando que as emissões aumentaram uns 10% desde lá, então essa descida significa um decrescimento real de 27% em relacão aos valores actuais). O único problema que resta é definir de que maneira é que este objectivo será atingido. O problema com a reducão das emissões de CO2 é o de que (quase ) toda a gente está de acordo em relacão à necessidade de reduzir. O problema é quando, por exemplo, o governo decide implementar taxas extras sobre a aviacão, o tráfico, a gasolina, a indústria, etc (uma das estratégias que os governos nórdicos têm implementado). Aí indigna-se o povo e aponta-se o dedo a outros culpados (como a indústria pesada, por exemplo, ou o Bush, o bode expiatório favorito da malta na Europa nos últimos tempos). Se o pessoal deixasse o carro em casa no dia-a-dia e apanhasse transportes públicos e abandona-se os planos de ir a Londres no próximo fim-de-semana para comprar roupa, já daria uma contribuicão individual estupenda, sem ter alterado radicalmente a qualidade de vida pessoal.
A revolucão ecológica tem de partir dos indivíduos, não do estado. O último caso tem um nome já sobejamente conhecido: comunismo. Só com a alteracão dos hábitos de consumo individuais se atinge a meta da reducão das emissões de CO2 sem sofrer uma reducão das liberdades individuais. O outro lado da reducão tem de vir do desenvolvimento tecnológico e adopcão de planeamento de recursos como componente fundamental do sector público e privado (a criacão de departamentos de recursos materiais em cada instituicão pública, por exemplo, em que os membros seriam responsáveis pela reducão e aproveitamento máximo dos recursos energéticos e materiais da instituicão). A terceira vertente parte dos governos, mas como dito anteriormente, existe um balanco frágil entre as liberdades individuais e o bem comum, sendo por isso a intervencão destes um plano delicado, mas indisputavelmente fundamental.
Em relacão aos EUA, China, Brasil, etc, concordo com o post, mas continuo a sublinhar que se toda a gente no planeta viver segundo os padrões de consumo de um cidadão médio europeu, então seriam necessários 3,1 planetas Terra para fornecer recursos suficientes para manter a mesma "qualidade de vida" a toda a gente (se adoptássemos o consumo do cidadão médio americano, seriam necessários 5,4, de acordo com o mesmo artigo que li). Como é que podemos negar a um chinês que ele tenha 2 ou 3 carros no seu agregado familiar, quando é prática quase comum na Europa e nos EUA viver de acordo com esse padrão de vida? O exemplo tem de comecar de algum lado. A Suécia tem sido campeã da ecologia em muitas frentes (um dos poucos países na Europa que reduziu a emissão de CO2 desde 1990; a estratégia governamental é ver-se livre do carvão e petróleo como fontes de energia até 2030), sem no entanto sofrer uma descida considerável na qualidade de vida individual dos seus cidadãos ou perder completamente a competitividade económica no mercado internacional. Se um país consegue, porque é que os outros não conseguem? Não será este um caso a estudar? Tanto em Portugal como na Noruega tem-me irritado os comentários na imprensa do género: "Mas o nosso país só contribui com 0,5 % para a emissão global de CO2. Mesmo se reduzissemos 50%, não teriamos quase nenhum efeito no equilíbrio ecológico do planeta. Comecem pelos EUA, que contribui com 30%". Se todos pensarem assim, então não se vai mesmo a lado nenhum. Tem de se comecar por algum lado. Portugal foi um dos primeiros países no mundo a abolir tanto a escravatura como a pena de morte, numa altura em que ambas eram consideradas como "normais" em quase todos os países ocidentais. Este é um exemplo de como a fuga à normalidade e a abstencão de se comparar com os níveis e realidades internacionais (em certos casos específicos) e tomar iniciativa primeiro pode ter um efeito positivo e sensibilizante.
Este fim-de-semana li um comentário do autor Jostein Gaarder (o autor de "O Mundo de Sofia" e "Maia", entre outros) sobre o aquecimento global: se uma pessoa tentar largar um sapo numa panela com água a ferver, este salta imediatamente; se, no entanto, largarmos um sapo em água fria e formos aquecendo lentamente, podemos cozer o sapo sem que este se aperceba. A nossa geracão vive uma situacão semelhante. Visto que a mudanca é gradual, o pessoal não se apercebe da direccão em que se caminha.
Abracos
O "radical" ecologista
:-)
Paulo.
P.S.: Isto era para ser um 'comment' ao artigo anterior, mas devido a problemas informáticos, tive de o escrever com um post (o blogger não me deixou publicar o comentário, vá-le lá saber porquê!)