quarta-feira, abril 25, 2007

Filhos de Abril

É impossível passar um 25 de Abril sem ouvir as letras de Zeca. Durante anos tal remetia-me para um estado de semi-realidade, de sonhar acordado, sobre a revolução de Abril e o significado desta!

Hoje em dia já não é assim. Continuo a ouvir as mesmas letras mas ponho-me a pensar na realidade no presente! Sou um herdeiro de Abril de 74 assim como o é toda a minha geração e as gerações futuras. Os pais da revolução são nossos pais ou avós. Foram eles que sonharam e viveram a revolução. Foram eles que viveram a opressão, o medo, a repressão e a guerra! Eles lutaram por um sonho, por um ideal, por um futuro melhor.

Infelizmente o ideal de Abril ainda não se concretizou. Muitos dos cancros de outrora ainda existem e os cancros que foram vencidos foram substituidos por outros talvez piores. Mas o que é mais assustador é o vazio ideológico que foi deixado a esta geração da qual faço parte. Deixaram-nos o mundo competitivo e egoista, o safe-se quem poder e a maioria dos jovens deixaram-se levar por isso. Outros, poucos felizmente, adoptaram o ideal revolucionário de 24 de Abril de 74 e é vÊ-los cegos a tentar impor a visão ultrapassada de filósofos de há 200 anos!

Abril é passado, foi há 33 anos, aconteceu e ponto final! Há que mudar as consciências hoje em dia a forma de ver e estar no mundo. Analizar o que vai mal e tentar muda-lo e não dizer mal, insultar este e aquele e de seguida agarrar no comando da televisão e mudar de assunto! Uma das vontades da antiga ditadura era manter o povo calado e ignorante. Hoje fala-se de mais mas, esprimido o discurso de qualquer "Zé Povinho", ve-se que continua quase tudo calado e ignorante, com um deserto de ideias!

Cumprimentos

segunda-feira, abril 23, 2007

Nova semana

Após umas semanas que de normal só tiveram o passar das horas ao ritmo acelerado do costume, volto a mandar uns bitaites aqui no blog!

Muito se tem passado por esse mundo fora nestes dias. Desde o guião para o próximo grande filme de Hollywood, que terá como cenário a Universidade de Virginia tech e como personagem principal um Sul Coreano, excluido do sistema por uma sociedade estudantil que despreza a diferença! Para além disso, num pequeno país Europeu, à beira-mar plantado, continua a produzir-se uma novela em torno das habilitações do primeiro-ministro, desviando-se desta a forma as atenções dos verdadeiros problemas do país! Noutro local, mais para sul, um pequeno país foi arrasado por um terramoto, país tão pequeno que já nem me lembro do nome (terão sido as ilhas Salomão?), e é tal a importância desse país que ao fim de 3 dias tinham deixado de aparecer nas notícias! Já nos EUA, há mais de uma semana que se anda a falar das tempestades de neve que assolam vários estados! Das tempestades de neve e descida de temperatura aqui pelo norte da Europa é que ninguém fala, aliás falo e queixo-me eu! Já no Darfur continua a limpeza étnica realizada por milícias Islamitas, apoiadas pelo regime Sudanês, sendo que tanto EUA, como UE, como ONU continuam a ameaçar que qualquer dia aparecem por lá, mas enquanto não vão, o governo SudanÊs pinta os seus aviões com as cores da ONU e manda uns "rockets" bem intencionados, para manter a população esperançada e feliz! O Irão continua com o tom autoritário de desafio! Nem UE nem EUA conseguem demover dos seus intentos os Ayatolas (ou lá como se escreve). Nada contra a utilização de energia eléctrica a partir do nuclear, mas mais uma potência nuclear naquela região irá desencadear uma nova corrida a armas nucleares que poderá desencadear uma nova guerra fria! Principalmente sendo essa potência a nação Persa, odiada por todos os vizinhos!

No fundo, nada de novo se passou! Apenas o ano ficou mais curto umas semanas e o regresso à rotina fará com que a Primavera adiada deixe de se fazer notar!

Cumprimentos

domingo, abril 22, 2007

Sweet Land


Neste momento está a decorrer o festival internacional de cinema "Kosmorama" na cidade de Trondheim. Como consequência disso tenho tido o previlégio de ver filmes de baixo impacto comercial nos cinemas ocidentais, mas de grande qualidade estética ou de guião de todo o mundo.

Um dos filmes que atraiu mais atencão, tanto para mim como para os habitantes locais, é o filme de producão independente norte-americano "Sweet Land" (2005). O filme descreve a história de uma mulher alemã, Inga (Elizabeth Reaser) que chega ao estado de Minnesota em 1920 como noiva por correspondência, para se casar com o jovem agricultor Olaf Torvik (Tim Guinee). O futuro casal encontra forte resistência local por causa do facto de ela ser alemã (o anúncio tinha sido enviado para a Noruega donde Olaf provém originalmente, mas foi respondido por Inga, que apesar de ser alemã, vivia na Noruega naquela altura) e opoem-se ao seu casamento. Para piorar a situacão, Olaf é muito tímido e vigora uma forte lei moral na aldeia. Depois de muitas peripécias acaba o casal por isolar-se da comunidade e como consequência fortalece-se a relacão entre os dois. Ao fim de uma série de acontecimentos locais, acabam os dois por ganhar a sua licenca para se casar e o reconhecimento de Inga como um membro respeitado da comunidade.

De relevo saliente-se o facto do filme falar sobre os problemas encontrados na imigracão, a barreira linguística, a resistência local para a integracão, os preconceitos encontrados na comunidade e a necessidade de se sentir aceitado e integrado na nova sociedade. O filme é visto com carinho pelos noruegueses pelo facto de ser uma história familiar para muitos deles. Quase todas as famílias noruguesas tem familiares (agora distantes) no outro lado do oceano Atlântico (existe igual número de descendentes noruegueses nos EUA como habitantes na Noruega actual: 4,5 milhões espalhados maioritariamente pelos estado do Minnesota, Dakota do Sul e do Norte, Illinois, Washigton, California, e Utah). Outro ponto interessante no filme é o facto da actriz escolhida para o papel principal ser americana e usar o "norueguês" várias vezes ao longo do filme. O cómico é que o "norueguês" de Elizabeth Reaser ser praticamente incompreensível para um nativo, ao ponto de ser quase necessário legendas para as tiradas da actriz nos cinemas noruegueses! Mas enfim, já não é a primeira vez (quem se lembra do John Travolta a falar "portinhulês" no filme "O Fenómeno" aqui à uns anos atrás?)! Outro ponto interessante no filme é o facto de ser uma história de amor mas não se ver um único beijo entre os protagonistas ao longo de 110 minutos de filme, isto apesar de se sentir a existência de uma relacão entre os dois que se fortalece ao longo da narrativa!

A emigracão para os EUA tem um peso especial na história moderna dos países escandinavos, a ponto de terem sido escolhidos como os melhores romances de sempre na Suécia e Dinamarca as séries "Utvandrarna" ("Emigrantes", Vilhem Moberg, década de 1950) e "Pelle, Erobreren" ("Pelle, o Conquistador", de Martin Andersen-Nexø, década de 1910), respectivamente. Ambos foram suberbamente adaptados para filme mais tarde, por Jan Troell (1971) e Bille August (1987), curiosamente ambos com Max von Sydow num dos papéis principais.

:-)
Paulo.

quarta-feira, abril 18, 2007

Armas de fogo

Circulam neste momento pelo mundo inteiro a notícia do tiroteio ocorrido numa universidade do Estado da Virgínia, nos E.U.A., iniciado por um estudante sul-coreano e que provocou a morte de 33 indivíduos (incluindo ele próprio). Este tipo de massacres tornou-se relativamente rotineiro no panorama norte-americano nos ultimos anos. Um assunto que queria debater neste post é o mesmo que Moore falou em "Bowling for Columbine" à uns anos atrás, nomeadamente o fácil acesso a armas de fogo no sistema federal norte-americano.

Nalgumas entrevistas que vi nos telejornais noruegueses, defendem-se os apoiantes do livre uso e compra de armas de fogo, a famosa National Rifle Association, com a frase (já comum), "a person can kill with whatever weapon. Don't blame firearms, it's the use that people make out of them that is to be blamed. He could have killed with his hands, with a baseball bat, with whatever."

Sim, concordo. Mas acho pouco provável que a contagem atingisse 33 mortos se o indivíduo andasse a perseguir as suas vítimas através do campus universitário com um taco de baseball ou uma faca de mato. Provavelmente a polícia ou até mesmo outros indivíduos fisicamente mais possantes seriam capazes de o deter facilmente depois de um par de vítimas. O facto de que, com uma arma de fogo, basta premir um gatilho para matar torna tudo mais fácil, do ponto de vista do assassino.

Um destes dias andava a passear com um colega de trabalho e comecamos a discutir porque é que estes assassions de ocasião que num momento de desvairo e frustracão desatam a matar a torto e a direito nas escolas americanas nunca escolheram uma espada ou um machado como arma de preferência. Parecia-nos, na nossa opinião, como uma escolha muito mais divertida, do ponto de vista do assassino. A conclusão que chegamos foi a de que provavelmente isso requereria muito trabalho e muito treino físico antecipadamente para se preparar para um massacre, para além de que seria muito mais fácil detê-los após um par de vitimas. Uma das outras razões pela qual nunca tal foi ouvido é o facto de que muito provavelmente estes indíviduos ganhariam amigos durante os ditos treinos e abandonariam a ideia de matar uma dúzia de estudantes na escola. Com uma arma de fogo, só se precisa de comprar, carregar a arma com municão, e ir para a escola. É um instrumento deveras muito prático! E depois de morta a primeira vítima, 5, 10 ou 100 é apenas uma estatística...

Abracos
:-)
Paulo.

sexta-feira, abril 13, 2007

Grandes nadadores!

Esta é mesmo para rir. Às vezes certos programas metem mesmo água:


1. Go to www.google.com

2. Click on 'maps'

3. Click on 'get directions'

4. Go from 'new york' to 'paris, france'

5. Click 'Get Directions'

6. Scroll down in the directions to number 23

7. Laugh


Bom fim-de-semana!
;-)

quinta-feira, abril 05, 2007

País de Doutores (revisited)

Regresso a um tema sobre o qual produzi um post no início deste blog, há mais de um ano!

No último mês tem havido uma grande polémica em torno do Primeiro Ministro José Sócrates - já nem corro o risco de o tratar por Engenheiro ou Doutor pois posso estar a cometer um grave crime!

Muito resumidamente, o então Engenheiro Sócrates, foi despromovido a licenciado pois para se ser engenheiro é preciso estar inscrito na ordem. Depois poz-se em causa a licenciatura obtida na Universidade Independente (que por acaso também se viu envolvida numa grande polémica que poderá levar ao seu encerramento, mas isso é outra história!) enquanto tutelava o ministério do ambiente. Resta portanto o bacharel obtido no ISEC.

Se se vier a provar que a licenciatura obtida na UI foi uma farsa, antes de mais deveriam punir-se os responsáveis pelo crime cometido, sejam eles quem forem! Claro que num país onde o poder judicial e político não se misturam (só estou a ser um pouco irónico!) a investigação já está a decorrer (só se for a do jornal Público!) em busca dos culpados! Depois disso teremos obviamente que começar a tratar o nosso primeiro por Ex.mo Sr. Bacharel José Sócrates, o que não é nada fácil!

Merda dos rótulos e títulos com os quais tanta saliva e tinta se gasta nesse país! É a melhor prova de que o provincianismo existe dos estratos mais baixos aos mais elevados da população! Esta é, na minha modesta opinião, uma das formas mais encapotadas de Xenofobia que existe. Triste mesmo é ser legal...

Cumprimentos

(Dr) RC

2 semanas de Guerra Fria!

Reproduzo na íntegra um texto de Rui Tavares publicado hoje no Jornal Público.

Trata-se de uma análise ao mesmo tempo cínica e realista sobre as duas realidades que se confrontam quase em permanência no mundo Ocidental: a belicista e a pacifista(ou nalguns casos, "o deixa andar que isso não me diz respeito!").

Cumprimentos

RC

Inconcebível! Inaceitável!

05.04.2007, Rui Tavares




No momento em que escrevo, a imprensa internacional dá como certa a libertação dos marinheiros britânicos que desde 23 de Março estavam reféns das autoridades iranianas. Como já houve guerras que começaram por menos, a confirmação desta notícia trará um momento de alívio ao Mundo.
Para os belicistas de um lado e do outro, porém, é uma notícia perturbante. Afinal, vinha aí uma guerra novinha em folha, agora que a do Iraque está velha e gasta. Durante duas semanas, vivemos como nos tempos da guerra fria, num mundo de realidades incompatíveis. Tudo era inadmissível ou inaceitável. A única solução era falar grosso e ameaçar com a força. Para o Ocidente, era inconcebível admitir que os marinheiros britânicos pudessem ter entrado em águas iranianas; para o Irão, era inconcebível que eles não fossem julgados por espionagem, a não ser que os britânicos pedissem desculpa. Para os britânicos, um pedido de desculpas seria "perder a face"; para os iranianos, a libertação dos marinheiros sem pedido de desculpas seria "perder a face". E "perder a face", como sabemos, é a pior coisa que pode acontecer a um político - perto disso, morrer, matar e mutilar são problemas menores.
Só um capitulacionista como Hans Blix, o homem a quem foi necessário desautorizar e humilhar para que houvesse guerra no Iraque, poderia sugerir que "a capacidade de perder a face ainda um dia salvará a espécie". Em inglês, rima e tudo ("the ability to loose face / will one day save the human race"), mas esta é sempre uma realidade difícil de engolir. Atrasar assim o relógio da guerra é quase uma deslealdade.
No mundo dos belicistas, não há espaço para hesitações: ou se é forte, ou se é fraco. Pior ainda: só se é forte se andarmos a proclamar permanentemente a nossa força. No mundo belicista, dialogar já é um sinal de fraqueza e nunca ninguém ouviu falar em desculpas simbólicas e em declarações pró-
-forma. O reconhecimento de que a fronteira marítima entre Irão e Iraque não foi nunca acordada e uma declaração simultânea sobre como seria desejável evitar qualquer entrada acidental em águas alheias poderia resolver a situação sem nenhuma das partes admitir o erro inicial. Inconcebível! Inaceitável! Inadmissível! Nancy Pelosi, presidente do Congresso americano, desobedeceu ao seu Presidente e foi à Síria entregar uma mensagem do israelita Ehud Olmert ao sírio Bachir Al-Assad. Inadmissível! Inaceitável! Inconcebível! A diplomacia funcionou. Inaceitável! Inconcebível! Inadmissível!
Mas os belicistas não devem desanimar. Não faltarão novos casus belli, que é a forma elegante de dizer "pretextos para entrar em guerra". Qualquer deles será até mais sério do que os últimos. Os iranianos recusam-se a suspender o seu programa nuclear. Os EUA recusam-se a reconhecer o regime iraniano. Ninguém nega que os serviços secretos estejam no terreno iraniano tentando promover rebeliões nas províncias sunitas do Balochistão e árabes do Kuzestão. Os cinco diplomatas iranianos que foram capturados num consulado do seu país no Iraque sob uma acusação de espionagem continuam presos (não me admiraria que alguma "inadmissível" concessão tenha sido feita em relação a estes cinco reféns para ajudar à libertação dos outros 15). E, acima de tudo, os belicistas de um lado têm os belicistas do outro, que tudo farão para que desilusões destas não se voltem a repetir.
Para os restantes, contudo, foi um bom dia neste planeta. Quinze marinheiros voltam para casa. A guerra está um pouquinho mais longe. Às vezes, o inconcebível acontece. Historiador

terça-feira, abril 03, 2007

Conservadores vs. liberais,

Um dia destes um dos meus colegas de laboratório mandou-me este link. O musicante é um artista americano chamado Roy Zimmerman que critica a atitude conservadora de uma faccão política americana. Neste vídeo em particular ele critica a proibicão dos casamentos homossexuais nos EUA. O resultado é hilariante. Para além deste vídeo, pode-se ver outras actuacões do mesmo artista neste link.