domingo, abril 22, 2007

Sweet Land


Neste momento está a decorrer o festival internacional de cinema "Kosmorama" na cidade de Trondheim. Como consequência disso tenho tido o previlégio de ver filmes de baixo impacto comercial nos cinemas ocidentais, mas de grande qualidade estética ou de guião de todo o mundo.

Um dos filmes que atraiu mais atencão, tanto para mim como para os habitantes locais, é o filme de producão independente norte-americano "Sweet Land" (2005). O filme descreve a história de uma mulher alemã, Inga (Elizabeth Reaser) que chega ao estado de Minnesota em 1920 como noiva por correspondência, para se casar com o jovem agricultor Olaf Torvik (Tim Guinee). O futuro casal encontra forte resistência local por causa do facto de ela ser alemã (o anúncio tinha sido enviado para a Noruega donde Olaf provém originalmente, mas foi respondido por Inga, que apesar de ser alemã, vivia na Noruega naquela altura) e opoem-se ao seu casamento. Para piorar a situacão, Olaf é muito tímido e vigora uma forte lei moral na aldeia. Depois de muitas peripécias acaba o casal por isolar-se da comunidade e como consequência fortalece-se a relacão entre os dois. Ao fim de uma série de acontecimentos locais, acabam os dois por ganhar a sua licenca para se casar e o reconhecimento de Inga como um membro respeitado da comunidade.

De relevo saliente-se o facto do filme falar sobre os problemas encontrados na imigracão, a barreira linguística, a resistência local para a integracão, os preconceitos encontrados na comunidade e a necessidade de se sentir aceitado e integrado na nova sociedade. O filme é visto com carinho pelos noruegueses pelo facto de ser uma história familiar para muitos deles. Quase todas as famílias noruguesas tem familiares (agora distantes) no outro lado do oceano Atlântico (existe igual número de descendentes noruegueses nos EUA como habitantes na Noruega actual: 4,5 milhões espalhados maioritariamente pelos estado do Minnesota, Dakota do Sul e do Norte, Illinois, Washigton, California, e Utah). Outro ponto interessante no filme é o facto da actriz escolhida para o papel principal ser americana e usar o "norueguês" várias vezes ao longo do filme. O cómico é que o "norueguês" de Elizabeth Reaser ser praticamente incompreensível para um nativo, ao ponto de ser quase necessário legendas para as tiradas da actriz nos cinemas noruegueses! Mas enfim, já não é a primeira vez (quem se lembra do John Travolta a falar "portinhulês" no filme "O Fenómeno" aqui à uns anos atrás?)! Outro ponto interessante no filme é o facto de ser uma história de amor mas não se ver um único beijo entre os protagonistas ao longo de 110 minutos de filme, isto apesar de se sentir a existência de uma relacão entre os dois que se fortalece ao longo da narrativa!

A emigracão para os EUA tem um peso especial na história moderna dos países escandinavos, a ponto de terem sido escolhidos como os melhores romances de sempre na Suécia e Dinamarca as séries "Utvandrarna" ("Emigrantes", Vilhem Moberg, década de 1950) e "Pelle, Erobreren" ("Pelle, o Conquistador", de Martin Andersen-Nexø, década de 1910), respectivamente. Ambos foram suberbamente adaptados para filme mais tarde, por Jan Troell (1971) e Bille August (1987), curiosamente ambos com Max von Sydow num dos papéis principais.

:-)
Paulo.

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