Filhos de Abril
É impossível passar um 25 de Abril sem ouvir as letras de Zeca. Durante anos tal remetia-me para um estado de semi-realidade, de sonhar acordado, sobre a revolução de Abril e o significado desta!
Hoje em dia já não é assim. Continuo a ouvir as mesmas letras mas ponho-me a pensar na realidade no presente! Sou um herdeiro de Abril de 74 assim como o é toda a minha geração e as gerações futuras. Os pais da revolução são nossos pais ou avós. Foram eles que sonharam e viveram a revolução. Foram eles que viveram a opressão, o medo, a repressão e a guerra! Eles lutaram por um sonho, por um ideal, por um futuro melhor.
Infelizmente o ideal de Abril ainda não se concretizou. Muitos dos cancros de outrora ainda existem e os cancros que foram vencidos foram substituidos por outros talvez piores. Mas o que é mais assustador é o vazio ideológico que foi deixado a esta geração da qual faço parte. Deixaram-nos o mundo competitivo e egoista, o safe-se quem poder e a maioria dos jovens deixaram-se levar por isso. Outros, poucos felizmente, adoptaram o ideal revolucionário de 24 de Abril de 74 e é vÊ-los cegos a tentar impor a visão ultrapassada de filósofos de há 200 anos!
Abril é passado, foi há 33 anos, aconteceu e ponto final! Há que mudar as consciências hoje em dia a forma de ver e estar no mundo. Analizar o que vai mal e tentar muda-lo e não dizer mal, insultar este e aquele e de seguida agarrar no comando da televisão e mudar de assunto! Uma das vontades da antiga ditadura era manter o povo calado e ignorante. Hoje fala-se de mais mas, esprimido o discurso de qualquer "Zé Povinho", ve-se que continua quase tudo calado e ignorante, com um deserto de ideias!
Cumprimentos
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