quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Terra de contrastes

Estive ausente nos últimos tempos, parte em trabalho, parte em lazer. A apresentação de um poster num dos poucos congressos existentes na minha área de investigação, levou-me ao longínquo Novo México, nos EUA. Santa Fé, pequena cidade situada a mais de 2000m de altitude foi o quartel general do congresso e das actividades que o rodearam.

Não vou no entanto falar de ciência neste post. Os EUA é o motivo deste meu texto.

Obviamente que, ao ser bombardeado a todo o momento e a toda a hora com a dita cultura americana, já estava preparado para muito do que encontrei. A começar pela falta de transportes públicos. Talvez nas grandes cidades existam e funcionem bem, mas tanto em Santa Fé como mais tarde na Carolina do Norte, verifiquei que não faz parte da cultura local usar um autocarro em vez de um carro, e as pessoas que se encontram nos autocarros, ou são turistas como nós eramos ou membros das camadas sociais mais desfavorecidas. Para além disso, os autocarros fizeram-me lembrar os "chaços" que há uns 10 anos circulavam nas ruas de Coimbra, mas que felizmente, já pouco se vêm!

Claro que quem não usa os transportes públicos, tem que se movimentar de carro. E, tal como nos filmes, não é um carro qualquer. São grandes carros (pelo menos em tamanho), muitos jipes, que consomem quase sempre para cima de 10 litros aos 100. Mas com a gasolina a 1,28 dolares o galão (aprox 3,8 l) até eu dispensava gastar a sola dos sapatos para ir ao supermercado, mesmo que este distasse 200 m de casa, não fosse eu um ambientalista moderado ;)!

Curioso é observar o comentário espantado dos americanos quando verificam que os nossos telemóveis funcionam nos states, enquanto os deles não funcionam na europa! Sinal de abertura para o mundo ou de oportunidades que os fabricantes europeus souberam aproveitar? Não sei, mas que me deu jeito, lá isso deu!

No entanto, o estereótipo do americano gordo não se confirmou. Que os há, isso é indesmentível, tal como nos filmes, com os nacos de banha pronunciados nas calças ou por baixo da t-shirt justa banhada em suor ou mesmo a quererem saltar para fora. Mas, nos sítios por onde andei, isto foi a excepção e não a regra. Compreendi, no entanto, que não é difícil engordar naquele país. A cultura local, não admite que a excepção seja a comida com gordura e sal, fazendo disto a regra. A não ser que se tome especial atenção ao que se ingere, em cada refeição facilmente se atingem os níveis máximos de calorias diárias recomendadas, mesmo ao pequeno almoço! E não falo dos hamburgueres, os quais procurei evitar ao máximo, mas da comida em geral!

Por último, o conceito de cidade é bastante diferente do nosso! As cidades Europeias, por norma consistem de um centro densamente urbanizado, com subúrbios a rodearem-no. Nas duas cidades por onde andei, é impossível distinguir subúrbios do centro. Tudo consiste de pequenas casas, de 2-3 andares, ou condomínios fechados separados do próximo por longas manchas verdes.

O que mais me maravilhou foi a beleza natural! O Novo México é um local bem diferente de tudo o resto que já visitei, onde se misturam o deserto com a montanha e as Rocky Mountains, na Carolina do Norte, fizeram nascer o bichinho para uma nova visita no Outono ou Primavera para observar os fantásticos contrastes coloridos da flora local, que no Inverno se encontram ocultos! Muito embora os atentados ambientais que regularmente leio em revistas e jornais, ainda há muito para ver e viver (e destruir) naquele país imenso!

Fico-me por aqui.

Cumprimentos

1 comentário:

viking disse...

Olá Ricardo,

A descricão que me fizestes também me fez lembrar aquilo que vivi em Atlanta o ano passado. Uma das características mais memoráveis é a de que existe um centro (comercial/executivo) da cidade, mas ao contrário das cidades euroepias, não é coincidente com o centro cultural da cidade. Uma cidade parece um aglomerado de um grupo de suburbios que partilham o mesmo nome global. A vida decorre toda nos suburbios, quase.

E uma pessoa depende quase exclusivamente do automóvel (privado) para se descolar. Muitas vezes as distâncias entre pontos são astronómicas e a rede pedestre é muito pobre ou por vezes inexistente. Transportes públicos é para esquecer, definitivamente. Transporte público nos EUA são os táxis, ahahahah!

Abraco
:-)
Paulo.