segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Blade Runner



Ontem à noite revi a "Director's cut" do filme Blade Runner de Ridley Scott (1982), com Harrison Ford, Rutger Hauer, Sean Young e Daryl Hannah. O "Director's cut" deste filme lancou a moda de criar uma versão mais à medida pessoal do realizador, aquando do seu lancamento comercial em 1991. Nesta versão não existe a voz-off do narrador ao longo do filme e salienta-se a possibilidade da personagem principal, Deckard, ser um Replicant - um andróide clonado. O filme foi inicilamente um flop de bilheteira nos Estados Unidos em 1982, mas ganhou respeito e estatuto de culto internacional com o desenrolar dos anos, sendo hoje considerado um dos melhores filmes de ficcão científica de sempre. O filme serviu de modelo para muitos filmes com o mesmo estilo futurista cyberpunk que se seguiram (o filme "Matrix" é um dos que me vem à cabeca, do lote de escolhas dos últimos anos).

O filme é baseado no conto de ficcão científica "Do androids dreem of electric sheep?" de Philip K. Dick (a quem o filme é dedicado; Philip K. Dick morreu em marco de 1982), um dos maiores gurus da ficcão científica e autor de contos que deram origem a filmes como "Blade Runner", "Total Recall" e "Minority Report". A história descreve a perseguicão que um polícia de uma unidade especial ("blade runners") enceta na perseguicão de andróides rebeldes cujo único desejo é o de prolongar a sua própria longevidade. "Blade Runner" acabou por se tornar um marco na história do cinema pelo facto de pela primeira vez o vilão ter um papel dúbio: no final não se percebe muito bem quem é o vilão e quem é o herói; afinal de contas, neste filme os andróides expressam um lado mais humano que muitos humanos na sequência da narrativa.

O filme leva-nos a pensar na nossa própria definicão de humanidade e na incerteza da condicão humana - que vivemos a nossa vida do dia-a-dia como se esta fosse durar para sempre, sem nos questionarmos sobre o rumo que tomamos, e no papel do indivíduo na vida, e na ambiguidade da definicão de bem e do mal.

A cena mais memorável (e mais citada) entre os fans é uma das cenas finais em que o andróide vilão Roy (o ariano holandês Rutger Hauer) salva a vida do (anti-)herói (Harrison Ford) no topo de um edifício, debaixo de chuva intensa, e, ao aperceber-se do seu fim eminente, senta-se no telhado e diz:

“I've seen things you people wouldn't believe. Attack ships on fire off the shoulder of Orion. I watched C-beams glitter in the dark near the Tannhauser gate. All those moments will be lost in time, like tears in rain. Time to die.”

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