Tributo Merecido
Este ia ser o tema da semana passada, mas acabei por não encontrar na minha cabeça as palavras certas nem a inspiração para um texto que, longe de ser perfeito, terá de me deixar satisfeito.
Fujo então às notícias do nosso país onde temos novo Presidente e decido-me prestar um tributo a quem nos pôs no mundo!
Fomos todos fruto do mais antigo impulso da natureza (a par do instinto de sobrevivência, sendo ao mesmo tempo parte dele), com mais ou menos sentimento, com mais premeditação ou menos cuidado, mas a verdade é que por estre as unhas roídas dos nossos pais e os momentos de dor e tormento das nossas mães, lá vimos a luz do dia e a primeira coisa que fizemos, qual foi? Claro, chorar!
Depois voltámos a fazer a cabeça em água aos nossos pais, chorando sempre que queríamos alguma coisa: comida, fralda mudada, dentes a doer...
Fomos, sem sombra de dúvida, uns reais chatos anos e anos a fio, e ainda assim eles amaram-nos.
Depois entramos no armário e não queremos ninguém por perto. Percebemos que os nossos ídolos, os nossos heróis - os nossos pais - não são perfeitos e ficamos realmente aborrecidos a cada descoberta. Mas como se esta nossa birra absurda não chegasse, ainda refilamos contra tudo o que eles fazem em relação a nós, e colocamos em cause que eles realmente nos amem.
Uns mais, outros menos, lá todos tivemos as nossas discussões com os nossos pais, duvidámos dos seus sentimentos e das suas intenções, desejámos sair de casa quanto mais depressa melhor!
E de repente as nossas vontades são feitas, mas damos por nós num país estranho, com mais ou menos amigos à nossa volta, e quantas vezes não pensámos como seria bom chegar a casa e ter a sopa da mamã a fumegar na mesa, ter a roupa passada em cima da cama, e o nosso pai com a lareira acesa à nossa espera?
Falo agora de mim, e de como sempre fui contra os meus pais por nunca me deixarem trabalhar: "A tua profissão é o estudo! Vais ter muito tempo para trabalhar!" E isso era uma real chatice para mim, e nunca os consegui compreender. E de repente caio num país em que aos 16 lá vão os miudos trabalhar no tempo livre que têm para começarem a juntar dinheiro para a universidade. E quando chegam à universidade continuam a trabalhar pois há que pagar as despesas e continuar a juntar o dinheiro para o resto das propinas. E acabam o curso e continuam a trabalhar para mais um grau, se não tiverem a sorte de ter bolsa. Mas a maioria começa a trabalhar com 16 e só param quando se reformarem.
Então só tenho de agradecer aos meus pais, porque nos verdes anos, não nascendo num berço de ouro, tive a oportunidade de aproveitar.
Mas agora o que mais me custa depois destas palavras é que nunca me lembro de lhes dizer o quanto os amo, porque no fundo os pais amam-nos também, se bem que nem sempre são capazes de o mostrar da melhor maneira.
Peguem no telefone e liguem aos vossos pais para lhes dizerem o quanto gostam deles e o quanto apreciam os esforços feitos desde que nasceram. Pelo menos digam-hes isso uma vez na vida e estou certo que esse será o dia mais feliz da vida deles desde que vocês nasceram!
Um dia seremos pais e sentiremos exactamente o mesmo!
Abraço do gelo e já agora aproveito para dizer aos meus pais (se lerem isto) que os amo muito e estou muito agradecido por tudo o que fizeram e ainda fazem por mim!
Virgilio
4 comentários:
Um texto bonito. Mas há algo de triste no meio disto tudo: é que enquanto esses Canadianos, estes Suecos e os demais povos nórdicos, são preparados para lutar desde os 16 anos, só aos 24, 25, 30, etc é que nós atingimos esse patamar! Hoje posso agradecer aos meus pais muita coisa, que há 3 ou 4 anos não compreendia, mas essa não! E não foi por falta de vontade...a resposta era sempre a mesma, quando quiseres dinheiro diz e logo se vê, não quero que andes a perder tempo a trabalhar...
Cumprimentos,
RC
Concordo com o Ricardo no que ele diz. Acho ainda que o povo Português está muito agarrado a valores familiares. - Fazendo um balanço geral das vantagens que isso tem e das desvantagens, é claro que isso é estremamente positivo. - Não quero pôr sequer em causa.
No entanto, há de facto aspectos que são interpretados como parte das responsabilidade dos pais como é o caso do suporte (financeiro neste caso) aos estudos, e que no entanto poderiam ser explorados socialmente de uma outra forma.
Penso que o trabalhar com a intensão de pagar os estudos e ter o seu próprio dinheiro para as demais coisas pode trazer vantagens no que diz respeito ao autocontrole nas despesas e a um maior impenho nos estudos.
Se as pessoas são muito rápidas a ver que o desporto e outras actividades lúdicas são boas para ocupar o tempo livre, não vejo porque há tanta resistência à insersão do trabalho no leque de actividades possíveis. Tem vantagens iguais a todas as outras actividades e traz outras diferentes mas igualmente óbvias: exige maior organização do tempo; traz responsabilidades; combate o sedentarismo; promove a socialização; etc...
Sem mais
Rui Neves
P.S. - Eu também não tive a oportunidade de trabalhar quando era mais novo. É dificil saber como seria hoje se tivesse tido essa oportunidade. Apesar disso, estou aqui e estou bem. Na altura decidiram assim. O tempo não lhes dá mas também não lhes tira razão à decisão que tomaram.
Apesar da vontade, e de nunca ter tido a oportunidade, também nunca tive a necessidade e isso é, sem dúvida, de agradecer.
reparei agora em alguns erros contidos no meu comentário anterior. As minhas desculpas por isso.
Rui Neves
Concordo com todos os comentarios. Tambem nao sei o que seria de mim se tivesse trabalhado, mas sei que sempre soube dar valor ao dinheiro e ao que custa ganha-lo, e aprendi desde muito cedo a gerir as minhas finacas. Se calhar gostava de ter trabalhado e ter tido mais umas coisas fruto do meu trabalho, mas nao posso deixar d lhes agradecer!
Virgilio
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