quarta-feira, junho 20, 2007

Mais do mesmo



Vai-se falando periodicamente da nova lei de prevenção do tabagismo. O projecto de lei inicialmente apresentado pelo PS foi aprovado na generalidade e está agora a ser apreciado na especialidade. Inicialmente foi proposta a proibição do tabaco em todos os locais de trabalho, podendo estabelecimentos como restaurantes e bares, com áreas superiores a 100m2 criar áreas específicas para fumadores, nunca superiores a 30% do espaço.

Segundo as últimas notícias que têm vindo a público, que carecem de confirmação oficial (mas num país em que tudo o que está em segredo de justiça, mais cedo ou mais tarde é revelado na imprensa), os nossos brilhantes deputados inclinam-se agora por adoptar o modelo espanhol: a proibição do fumo fica ao critério do dono dos estabelecimentos.

Dois comentários em relação a este assunto:

1. Segundo a lei actual, o que é que impede o dono de um estabelecimento comercial de proibir o consumo de tabaco no seu interior?

2. Será justo os trabalhadores de uns estabelecimentos (porque o que se discute aqui é a protecção do não fumador no local de trabalho) serem forçados a fumarem o fumo dos outros?!

Pessoalmente, e residindo num país onde o consumo de tabaco foi proibido há cerca de 2 anos, sou totalmente a favor da proibição. Não conheço um único Sueco que seja contra esta proibição, sendo que se fala de um país onde no Inverno o termómetro pode descer aos -15ºC e ainda assim as pessoas vêm à rua fumar e depois voltam para dentro. Desde que a medida foi adoptada, acabou-se o pendurar da roupa na rua depois de uma ida a um simples restaurante, acabaram-se as lágrimas nos olhos após entrar num bar com uma ventilação pior, acabou-se a tentação de pegar num cigarro apenas para não ficar incomodado com o fumo dos outros! E para reforçar ainda mais este ponto, não houve nenhum estabelecimento que tenha fechado portas porque as pessoas deixaram de ir ao restaurante ou de sair à noite! Este não passa de um argumento estúpido que alguns utilizam para defenderem o seu ponto de vista!

Cumprimentos

RC

quinta-feira, junho 14, 2007

Falar muito e não dizer nada!

Ó meus amigozzzz...

http://videos.sapo.pt/GnR4iyISmcKjJnRAj6cY

Divirtam-se!
:-)

sábado, junho 09, 2007

Ritmos

Um misto de sensações completamente antagónicas invadem-me sempre que fico acordado até tarde neste país!

Se por um lado, e como a lógica sugere, apetece enfiar-me no reconfortante vale dos lençóis, por outro apetece sair de casa e aproveitar o dia. Sim, o dia! Às 3 da manhã, talvez mais cedo, os pássaros já cantam, a luz já incomoda, o ar já cheira a ar da manhã! Às 3 da manhã apetece ir dar uma volta, montar a bicicleta e pedalar à volta dos lagos, assistir ao nascer do sol nos rochedos cinzentos espalhados um pouco por toda a cidade, pegar no carro e conduzir sem rumo.

Mas não... Às 3 da manhã são horas de dar descanso aos neurónios (que bem precisam diga-se de passagem). O Verão Escandinavo (e quem diz escandinavo diz por todas estas latitudes) é sem dúvida algo fantástico. A boa disposição parece que circula no ar, é contagiante. É impossível ficar muito tempo de mau humor. Basta sentar-mo-nos meia hora ao sol e passa!

O que é triste é que daqui a 3-4 meses acaba-se! Voltarão os dias sombrios, nublados e frios, os pássaros irão viajar para outras paragens, a relva voltará a crescer a um ritmo normal até que a neve a cubra e fique em repouso até à próxima Primavera, as pessoas voltarão a ser elas próprias e eu...eu deixarei de ter vontade de montar na bicicleta, ou de conduzir sem rumo, ou de me arriscar a procurar um nascer do sol, que pode demorar semanas a concretizar-se!

E agora vou sonhar com o tempo em que voltarei a ter tempo para fazer tudo o que me apetece! Em que o sol brilhará sempre que eu queira. Já não falta muito! E o sol começa a nascer... :)

RC

ps: se algumas passagens parecerem non-sense, ignorem! Afinal quase 4!
ps2: E não, não bebi nada hoje...

terça-feira, junho 05, 2007

Lights off!


Yesterday I was zapping my TV when something caught my attention. I stopped at the Discovery channel while the program "Mythbusters" was on. The days theme was: what is less energy consuming - to leave the lights on permanently or to switch them off each time you leave a room?

In order to find out the answer to this long standing domestic question, the hosts of the show tested a range of different lamps, from classical tungsten lamps, to modern coil neon units, LED assemblies, fluorescent bulbs, and so on. They left each kind of lamp running for one hour and measured the amount of energy spent by each one. After that, they measured the energy spent by switching on and off each kind of lamp, and thereafter calculated the equivalent time of continuous usage that that would correspond to.

The results were not so astonishing to me, and confirmed an opinion that I have been finding oftenly reported on the internet. The energy spent by switching on and off a lamp varied from the equivalent of 0.36 seconds of continuous usage of a classic tungsten lamp to a maximum of 23.3 seconds of a modern coil neon unit.

When testing durability of the same lamps, they found out that the most modern lamps would support the stress of being switched on and off oftenly (for domestic standards) for a period longer than 4 years. Therefore, the argument of sparing lamps does not hold to the test.

This means that, in terms of domestic economy and global environment, it is worth switching off the lights when leaving a room, unless you're intending to come back in less than a minute.

:-)
(Sorry to the usual portuguese readers, but I thought this particular theme could be of interest to a broader international audience; therefore I wrote this one in english)

sexta-feira, junho 01, 2007

Responsabilidade ecológica!

Um dos assuntos que tem ocupado muitas páginas na impressa norueguesa actual é o tema da reducão da libertacão de gases de efeito de estufa, como o dióxido de carbono, por exemplo. Tanto os partidos que fazem parte da coligacão que faz parte do governo como a oposicão estão finalmente de acordo que este é um tema actual, vital e com necessidade de medidas concretas o mais cedo possível. Aquilo que os partidos, mesmo os detentores do poder actualmente, não estão de acordo, é de que forma é que estas medidas deverão ser tomadas.

A coligacão que faz parte do governo actual norueguês é constituído por três partidos de esquerda, nomeadamente o Senterpartiet ("Partido do Centro", também chamado o partido dos agricultores, dada a sua especial preocupacão pela defesa dos direitos da populacão rural norueguesa), o Arbeiderpartiet ("Partido dos Trabalahdores", o partido social-democrata segundo o modelo escandinavo, o que equivale ideologicamente ao Partido Socialista português) e o Socialistisk Venstre ("Esquerda Socialista", partido de esquerda mais radical que o Arbeiderpartiet, mas com clara distincão do comunista). Recentemente o Senterpartiet e o Socialistisk Venstre assumiram-se como de acordo na ideia de que a reducão deverá ocorrer tanto através de apoios financeiros aos países em desenvolvimento de forma a desenvolverem-se com recurso a tecnologias ecologicamente seguras, como através da reducão interna da libertacão de CO2 na Noruega até 20 % até 2020 e 50 % até 2050 (em relacão aos valores de 1992). O Arbeiderpartiet defende uma posicão mais próxima dos partidos da oposicão, que afirmam que a contribuicão da Noruega é mínima (0,2 % do valor mundial) e, desta forma, é ridículo diminuir os valores da Noruega e que o investimento deverá ser feito apenas em países dos terceiro mundo. Isto é, a Noruega deverá comprar quotas de CO2 a outros países. Para piorar a situacão, a líder histórica do Arbeiderpartiet, Gro Harlem Brundtland, a ex-primeira-ministra que introduziu o conceito de "bærekraftig utvikling" (="desenvolvimento sustentado") como termo político internacional (reflecte a ideia de que o desenvolvimento de uma sociedade deve ser orientado de forma a manter um equilíbrio ecológico in perpetuom), afirmou à um par de semanas atrás que os esforcos da Noruega em reduzir a sua quota de libertacão de gases de estufa como uma forma de "selvpining" (="self-torture").

Ontem foi publicado no diário norueguês Aftenposten um relatório em que especialistas anunciaram que a Noruega conseguiria reduzir a sua quota em 66 % até 2030 gracas apenas à optimizacão dos recursos utilizados e à aplicacão de medidas tecnologicas já existentes através de um certo investimento público. Coisa que seria uma bagatela de meter em prática gracas ao "oljefond" norueguês (fundo petrolífero iniciado em 1998 pelo governo). Este relatório excluiu medidas baseadas em alteracões radicais do estilo de vida da populacão norueguesa (como o racionamento obrigatório do uso do automóvel por parte do sector privado, por exemplo).

O mais importante neste debate, no meu ponto de vista, é a arrogância (diria, a ignorância) da posicão expressa por "a nossa contribuicão é mínima, por isso não temos que reduzir enquanto os outros não fizerem o mesmo". Se todos pensarem da mesma forma, então a reducão nunca será posta em prática. Os países pequenos apontam o dedo aos países grandes como os EUA, China ou Índia, por exemplo. Mas as pessoas esquecem que este mesmo argumento pode ser utilizado por uma das províncias da China ou por um dos estados dos EUA em relacão aos estados vizinhos, e assim cai-se num impasse. Outro ponto importante é aquele que os ocidentais descrevem como reducão da qualidade de vida. Se uma pessoa considera que uma reducão imperdoável da qualidade de vida é partilhar o seu económico Toyota familiar com 2 ou 3 colegas de trabalho no caminho para o emprego em vez de se deslocar sozinho no seu SUV, ou restringir-se a uma viagem de comboio ao país vizinho nas férias em vez de 3 ou 4 fins-de-semana de compras a Londres, Milão ou Paris, então parece-me que a minha definicão de qualidade de vida é muito diferente da de muita gente.

Outro exemplo de reducão da qualidade de vida que me parece muito mais pertinente segundo a minha definicão pessoal é o exemplo crítico das Maldivas. As Maldivas é um país constituído por várias ilhas no Oceano Índico, cujo valor de altitude máxima nacional é de 2.3 metros. Espera-se que se a progressão do aquecimento global continuar ao mesmo ritmo que o actual, este país deixará de existir antes de 2080. As Maldivas têm uma populacão de 290 mil habitantes. Que fazer a estes habitantes quando o país deixar de existir? Talvez exportá-los para a Noruega?

O tema da reducão da libertacão dos gases de efeito de estufa é um tema relacionado com justica. Não são os países que libertam a maior quantidade que irão pagar a maior parte da factura primeiro. Curiosamente, relatórios de especialistas apontam para uma melhoria da economia de países como o Canadá e a Rússia como consequência do aquecimento global. São os países menos desenvolvidos que irão sofrer na pele a reducão mais drástica da qualidade (diria até, da sustentabilidade) de vida. Quando as populacões se sentem desesperadas, tomam medidas desesperadas. O governo egípcio ameacou o governo do Sudão e do Quénia que recurreria a uma intervencão armada se algum destes dois paises construisse uma barragem que levaria à reducão do afluxo de água no Nilo. Isto porque a agricultura e a economia egípcia é extremamente dependente da água do Nilo. Com o fenómeno do aquecimento global, espera-se o aparecimento de muitos conflictos semelhantes gracas ao esgotamento de recursos vitais cada vez mais escassos.


;-)
Paulo.