Trondheim
Pegando no desafio do Virgílio e evitando o tema habitual do futebol destes últimos tempos, vou-vos descrever a cidade na qual vivo à quatro anos: Trondheim.
Trondheim, ao que parece, não é assim tão diferente do ambiente que o Virgílio tem descrito acerca do Canadá. Tem uma populacão de 150 mil habitantes mas um raio urbano oficial de 13 km, dando-lhe uma densidade populacional baixíssima, à boa moda escandinava. Existem muitos espacos verdes e zonas vazias dentro da cidade. Não existem arranha-céus e é raro o edifício com mais do que 3 andares, mesmo no centro. É uma cidade universitária, com a NTNU, a mais prestigiada universidade técnica na Escandinávia, com cerca de 25 mil estudantes. Um sexto dos habitantes desta cidade são estudantes razão pela qual a demografia da cidade tem um pico no sector etário entre os 20 e os 30 anos de idade. Em Julho encontra-se a cidade quase deserta, quer pelas férias dos estudantesm quer pela romaria dos locais em direccão a temperaturas mais amenas no sul. O inglês torna-se língua oficiosa na cidade durante este mês, fruto da invasão em massa de turistas abastados americanos, japoneses e espanhóis que para aqui vêm nos seus cruzeiros.
Falando do clima, pode-se considerar como tropical quando consideramos a latitude a que esta cidade se encontra. Felizmente é uma cidade costeira protegida pelo fjord mais largo da Noruega e banhada pela corrente do Golfo, o que proporciona invernos relativamente suaves e verões amenos de 20 a 30 graus centígrados em alguns dias. No Inverno já experienciei teperaturas na ordem dos -25, mas a temperatura média fica-se pelos -5. Se tracarmos uma linha de latitude por cima da cidade, verificamos que se encontra à mesma latitude que Reykyavique na Islândia, o norte do Alasca e Canadá e a Sibéria, tudo locais onde a temperatura pode descer facilmente a uns desagradáveis -50 no Inverno. É preciso descer uns 600 km em latitude para estar ao mesmo nível de Oslo, Estocolmo e Helsíquia (1000 para Copenhaga).
A cidade celebrou o seu primeiro milénio em 1997. Foi fundada pelo rei viking Olav Trygvasson e é a capital da zona central da Noruega, chamada Trøndelag. Quando foi fundada chamava-se Nidaros, por se encontrar nas margens do rio Nidelva. A cidade atingiu um estatuto especial em 1030, quando enterraram o rei-santo Olav den Hellige um ano depois da batalha de Stiklestad, e a cidade tornou-se alvo de peregrinacão e capital do reino durante mais de 300 anos. Ainda hoje são coroados os reis da Noruega na bela catedral de Nidaros, que domina imponente o horizonte da cidade.
Os locais falam um dialecto especial (trondersk) que é apontado pelos noruegueses de outras zonas como bastante cru, uma linguagem de camponeses e pescadores. Muitos chamam à cidade bygdahovedstaden(a capital das aldeias) por causa do seu ambiente calmo no centro. É frequente não se ver quase ninguém na rua durante as noites de inverno. No verão dominam as bancas de venda de morangos e frutos silvestres na Torg, a praca central de Trondheim.
A cidade é rodeada por várias cadeias de pequenas montanhas (500 a 700 metros de altitude) cobertas de florestas coníferas. A paisagem é impressionante. As zonas de Bymarka e Estenstadsmarka flanqueiam a cidade a oeste e este, respectivamente, e é frequente encontrarem-se milhares de noruegueses a passear nestas florestas durante os fins-de-semana. No inverno pratica-se esqui de fundo (langrenn) e o snowboard tem-se tornado cada vez mais popular na montanha de Vassfjellet a meros 25 km a sul da cidade. No verão destaca-se a vela e a orientacão como desportos dominantes.
Para visitar, a cidade é cara e pode-se ver tudo o que há para ver num único dia. O que impressiona na cidade não é a sua vida cultural ou o ambiente urbano. O que é marcante é a moldura natural em que se insere: as montanhas, as florestas, os lagos e o fjord. Isto não quer dizer que não haja vida cultural: existe uma abundante escolha de grupos e gostos musicais, uma orquestra sinfónica profissional, um teatro estatal e vários grupos independentes, um par de museus e galerias, e um largo leque de actividades desportivas à disposicão no clube da universidade, o NTNUI. Em Trondheim toda a gente apoia o clube local de futebol, o Rosenborg, que joga em casa no Lerkendal, a um mero par de quilómetros do centro.
Se um dia quiserem ver tudo isto pelos vossos olhos, mandem-me um email.
:-)
Paulo.
2 comentários:
Qualquer dia, quando menos esperares, tens que me aturar por aí!
Abraço
RC
ps: mas que merda, detesto perder assim! Preferia levar 7-0 e jogar mal do que perder por 1 contra uma equipa que foi dominada todo o jogo!!!
Olá!
\A Pedro, fostes tu que estivestes no meu blog noruegues (o da seleccão)? Quando quiserem cá vir, é só dizer.
Em relacão ao jogo, paciência, sempre se foi até à meia-final. E ainda falta um jogo!!! Tinha piada arrumar a Alemanha em casa destes!
Portem-se
:-)
Paulo
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