terça-feira, maio 30, 2006

Brincadeiras e gargalhadas

Mais um dia de trabalho (pouco) puxado. Chego a casa, tomo a bela da banhoca, ligo o portátil e verifico uma vez mais o que faz girar portugal no mundo das notícias. Lá fora chove quase torrencialmente por segundos e ao longe troveja.
A Bolanão me diz nada de novo, mas o Público faz-me rir, sorrir e pensar em tom de gargalhada o que já me tinha ocorrido aquando da publicação da notícia.
O Eduardo Prado Coelho nem sempre tem o meu apoio, mas as palavras de hj (ontem) fizeram-me sorrir:
Pergunto-me: mas os pais avaliam o quê? Se os professores são bonitos ou feios? Se as professoras usam ou não as saias curtas? Se vão à escola regularmente?"
Eduardo Prado Coelho, sobre a hipótese de os professores serem avaliados pelos pais dos alunos, PÚBLICO,

Pois eu acho muito bem que os pais façam parte do sistema educativo. Não só acho bem, acho essencial! Mas a avaliar professores???
Cada vez mais nos debatemos por uma maior participação dos pais na educação dos filhos, cada vez mais os pais estão ausentes das escolas e só lá vão mesmo quando os professores os chamam, e se for por outro qualquer motivo que não seja: O seu filho bateu num aluno! ficam mal dispostos, e a resmungar que se os filhos têm más notas a culpa é dos professores. Ou então há sempre o caso dos pais que se queixam que os filhos têm muitos trabalhos de casa.
Pôr os pais a avaliarem professores que nunca viram na vida só pode ser brincadeira de carnaval! Não me parece que dar aos pais o poder de avaliar os professores os vai aproximar mais das escolas e da educação dos filhos. E se pensarmos nos milhares de portugueses com filhos em idade escolar que são incapazes de os ajudar pois não possuem conhecimentos suficientes, como serão eles capazes de perceber o que lhes pedem para avaliar?
Bem, tenho apoiado muitas das medidas deste governo, mas esta... deu para umas gargalhadas!
Abraço
Virgilio

6 comentários:

Catia disse...

Nem é preciso falar nos que não têm educação suficiente para o fazer, os que a têm e não têm tempo, vontade, interesse, são muitos mais, infelizmente.
Concordo, tb não acho que vai ser esta medida que vai aumentar os interesses dos pais na educação dos filhos. Aliás essa é uma questão difícil de solucionar.
Os pais cada vez trabalham mais e têm menos tempo para os filhos, ora o pouco que têm não se querem zangar, nem chatear e acabam por criar crianças mimadas sem respeito pela autoridade nem sentido de responsabilidade. No tempo dos nossos mais era à reguada, agora é assim, é sempre tudo de extemos.

viking disse...

Olá,

Concordo. Ja ouvi casos de professores que tentaram fazer coisas novas e pedagogicamente interessantes e que acabaram despedidos da escola em que ensinavam porque não estavam a seguir o programa que iria colocar os filhos na universidade. Os pais fizeram pressão por um dos professores ser exigente e inovador e o pobre do homem acabou no olho da rua. Pôr pais a avaliar professores é um desastre.

:-)
Paulo.

RC disse...

Na generalidade os pais avaliam os professores pelo desempenho destes (alunos) no final de cada período. Não pela forma como o professor lecciona! Como é que um pai vai avaliar um professor? Vai-se sentar na última fila a tirar notas sobre o tom de voz do professor, ou sobre o número de vezes que se vira de costas para os alunos!? Enfim, isto não passa de mais uma operação de charme...cativar os pais, enquanto se prepara mais alguma reforma maluca! Querem uma aposta?!

RC

Anónimo disse...

Boas

Não podia deixar de tentar dar um contributo para esta discussão que me parece muito permente.
Concordo que seja uma medida que, à partida parece desajustada da realidade Portuguesa no entanto, gostava de partilhar algumas ideias.

A possível avaliação dos pais é um entre muitos outros factores de avaliação pelo que a opinião será diluida e a sua "influência" na avaliação final será muito relativa.

Neste sentido, acho que esta medida vem abrir portas e chamar mais à responsabilidade os pais. Os pais que queiram participar e dar o seu contributo no melhoramento (leia-se avaliação) do sistema de ensino e dos professores, devem poder fazê-lo. Até hoje a participação dos pais está "restrita" à Associação de Pais e a casos pontuais.

Penso que, de uma forma que considero elegante podem abrir-se portas para que num Futuro não muito distante isso faça parte de uma cultura de intervensão do meio cívico no controle da educação. Acho que as escolas desempenham um papel muito importante nos locais onde se encontram inseridas, proporcionando condições para que os jovens aprendam e passem grande parte do seu tempo livre (com iníciativas como o desporto escolar) e, da mesma forma, acho que a sociedade deve entrar mais no domínio da escola. Avaliando é apenas uma forma, mas, no meu entender é uma forma que apela à responsabilidade.

Concordo que no global a percentagem de Pais com o grau de envolvimento/conhecimento/vontade capaz de fazer uma boa avaliação não seja muito grande mas acho que, é uma medida interessante que dará os seus frutos e enquanto não dá, também não traz mal nenhum ao "sistema".

Anónimo disse...

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Rui Neves

Anónimo disse...

Caro Neves, concordo com a tua posicao, mas no caso portugues parece-me que estamos a tentar construir uma casa a comecar pelo telhado. Para que essa responsabilizacao e interesse funcionem ha que criar alicerces primeiro. E em portugal esses alicerces nao existem. Se pegarmos nos muitos exemplos ocorridos em portugal depois do caso Casa Pia, em que como forma de vinganca, os alunos comecaram a acusar os professores de abusos sexuais, imagina se um grupo de 5 ou 6 amigos resolvem vingar-se e todos os dias contam aos pais como este ou aquele professor eh terrivel. Naturalmente que estamos habituados em Portugal que as avaliacoes mais nao sejam que uma formalidade, mas neste caso estamos a dar ferramentas extremamente perigosas a quem nao as sabe usar e eh nesse ponto que estou em completo desacordo com esta medida.
Em parte acho q o ricardo tem razao e que mais coisas devem estar para acontecer na educacao. So espero que seja para melhor.
Abraco,
Virgilio