terça-feira, março 28, 2006

Partidas

Um dia saímos do nosso país e as despedidas são sempre emotivas e difíceis. Claro que é sempre um "Até já" mas custa. Passámos anos e anos a partilhar dias e dias com as mesmas pessoas e de um momento para o outro, o vazio!
E lá vamos nós para um país que não conhecemos e de repente fazemos amigos.
Recordo as várias vezes que ouvi: "Na tropa é que se faziam amigos!"
Bem, os tempos mudam e se calhar esta é a nossa tropa. Vamos, como os nossos pais, para países que não conhecemos, e com sorte encontramos alguns portugueses que estão a passar pelo mesmo que nós, e o espírito de entre-ajuda surge, e a amizade não tarda. Partilhamos dificuldades com a língua, com os costumes, com o tempo, com o ritmo de trabalho... Partilhamos lágrimas e alegrias, frustrações e conquistas.Os laços criados são tão fortes e tão naturais que quando chega a hora da partida, um turbilhão de sentimentos contraditórios invade-nos. Se por um lado o desejo de abraçar os amigos e os amores que deixámos em Portugal é sufocante, por outro lado parece que deixamos uma parte de nós por cá.
E então custa sempre ver um amigo partir, sabendo que algum tempo irá passar até que o voltemos a ver, sabendo que não será mais aqui, neste tempo e espaço que voltaremos a partilhar tantas coisas boas e más. A noção de que o presente acelera para se tornar passado, deixando no ar a incerteza do futuro.
Parece então que a primeira partida, aquela dolorosa em que sabíamos estar a dar um gigantesco passo em frente, mas ao mesmo tempo um passo no escuro, foi apenas o princípio de muitas.
Desde que aqui estou já me despedi de demasiadas pessoas, mas o futuro reserva-me muitas mais... Por isso hoje não digo adeus, mas Até Já!

Abraço do gelo que derrete,
Virgilio

1 comentário:

CHV disse...

Como te entendo Virgílio, como te entendo!...
Mas uma coisa eu e tu sabemos certamente: vale muito a pena, não vale?
Se o preço de ser feliz é esse, estou disposto a pagá-lo, sempre!