Ganhar a todo o custo.
Portugal lá ganhou contra a Holanda. Mas de que maneira?
Custa-me a acreditar nas palavras de Scolari queando diz que esta seleccão é a que mais dignifica Portugal no estrangeiro. Jesus!!! Se ele estivesse no estrangeiro, talvez não diria isto.
Na Suécia o jogo foi carimbado na imprensa como "skandalmatchen" (jogo-escândalo). O maior jornal norueguês, VG, classificou o jogo como "VM i tullball" ("Campeonato do Mundo em palhacada com bola"). E por aí adiante. Um jornal norueguês classificou o estilo de jogo da seleccão portuguesa como o "futebol mais feio deste mundial". Durante o jogo ouvi um comentador da TV2 norueguesa repetir várias vezes "este é sem dúvida alguma o pior jogo deste Campeonato do Mundo". Portugal demonstra uma atitude em campo que em nada dignifica a imagem do país no estrangeiro. Na Noruega quando se assiste a um jogo em que jogadores portugueses estão envolvidos, cada vez que um jogador cai ao chão, o comentário "é só teatro" tornou-se vulgar. Ninguém acredita nas contorcões e esgares dos jogadores portugueses caídos no relvado, mesmo quando estes são reais, o que acredito que na maior parte dos casos assim o foi neste jogo.
É verdade que a atitude da Holanda e a falta de firmeza do árbitro causaram e contribuiram para o que se viu no domingo à noite. Mas os cartões vermelhos do Costinha e do Deco foram infantis e completamente desnecessários. A cabecada do Figo podia ter consequências muito pesadas para a equipa. Um árbitro a sério teria dado um cartão vermelho directo. O amarelo ao Ricardo por queimar tempo é merecido.
O jogo de domingo lembrou-me (infelizmente) de um outro jogo à quatro anos atrás, contra a Coreia. Parecia uma fotocópia do mesmo. A seleccão teima em perder a cabeca nos momentos-chave. A seleccão acaba por perder nas grandes competicões, não por falta de qualidade desportiva, mas sim por perder a cabeca com facilidade. Se a equipa estivesse na mó de baixo como à 4 anos atrás, esperar-se-ia novamente umas centenas de adeptos furiosos à espera no aeroporto (que cenas vergonhosas por parte dos adeptos à 4 anos), mas como ganhou, sai toda a gente para a rua para festejar.
Eu não estive no campo como o Riacrdo deste blog e não sei qual é que foi o ambiente no estádio e nas ruas de Nuremberga depois do jogo, embora pelo que vi na televisão parece-me que os holandeses não estavam assim tão desiludidos com o resultado. Pesa-me é saber que este jogo bateu o record de cartões num jogo da fase final de um Campeonato do Mundo. Portugal fica com uma reputacão pouco positiva: lembre-se o jogo Portugal-Turquia nos quartos-de-final do europeu de 2000, a meia-final do mesmo contra a Franca na mesma competicão, o famoso Portugal-Coreia em 2002 e por aí adiante. Esta série de jogos parece, aos olhos de um outsider, ser coincidência a mais. Interrogo-me se os treinadores das outras equipas já equacionam no planemento dos jogos contra Portugal factores para fazer a nossa seleccão perder a cabeca. Porque parece tão fácil!
Quanto à parcialidade ou imparcialidade da imprensa estrangeira, lembro-me da reaccão dos ingleses depois da derrota 3-2 dos mesmos contra Portugal no Europeu de 2000. Ou a dos alemães no mesmo campeonato. A seleccão foi aplaudida de pé pelos adversários depois da derrota. É possível ganhar de uma forma que faz com que os adversários reconhecam que Portugal foi melhor que eles e que colhe unanimidade de opiniões no estrangeiro. Com esta mesma seleccão.
Espero que o jogo contra a Inglaterra corra melhor (ou que se veja mais futebol).
Boa sorte, seleccão
:-)
P.S.: Não tenho tempo nem (mais) paciência para me defender em relacão a possíveis comentários negativos que porventura poderão surgir como resultado deste post. Por ter escrito algo semelhante na edicão digital do Record e do Público no dia a seguir ao jogo recebi um par de emails muito azedos e uns comentários pouco abonatórios numa rádio portuguesa. Quem discorda, esteja à vontade para o escrever, mas não espere resposta. Sou a favor da seleccão, mas não perco a imparcialidade por causa da seleccão. Para além disso, os comentários que descrevo por parte da imprensa estrangeira são factos, não opiniões pessoais.